FESTIVAL CALLAS 2023, DEIXA A SOPRANO GREGA POPULAR COMO EM SUA ÉPOCA. ARTIGO DE JONAS XAVIER NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   Que Maria Callas além de ter sido a mais importante cantora lírica do século XX e na opinião de muitos , a maior até hoje não é novidade. O que nos alegra é sabermos que a cada ano o Festival Callas, a deixa ainda mais popular do que nunca.

Tão famosa quanto nos palcos e nos estúdios de gravação, Maria Callas era notícia em jornais e revistas por sua intensa e atribulada vida pessoal. Hoje sua popularidade é através das ações complementares durante o Concurso Brasileiro de Canto que leva seu nome e que a cada ano, intensifica o Festival com palestras, master classes, conferências e apresentações em lugares não muito habituais da ópera como este ano foram os recitais no Projeto Bom Prato e no Mercado Municipal, ambos em Jacareí, cidade natal do idealizador do Festival, Paulo Abrão Esper.
É muito importante levar a ópera até as pessoas que por diversos motivos não a conhecem e fazer com que estas mesmas pessoas um dia venham ao teatro e que o teatro seja em qualquer linguagem artística parte das suas vidas, afirma Esper
A edição 2023, foi muito significativa pois se comemorou o centenário de nascimento da soprano que este ano, é festejada em diversos teatros do mundo afora, muitos que acredito eu, nem a soprano imaginaria como a Bulgária, país que nunca se apresentou, ou até mesmo na Guatemala e por aí vão as comemorações como nos principais teatros europeus e americanos. Aqui no Brasil, ela será festejada em diversos teatros, em sua maioria com a colaboração da Cia Ópera São Paulo que juntamente com a Associação Amigos da Ópera de Jacareí, realiza o Festival e Concurso. È em Jacareí até o dia 24 de julho é que se pode visitar a Exposição sobre a artista no Museu de Antropologia.
Foram 131 inscritos entre brasileiros e latinoamericanos, destes 52 foram selecionados para as fases presenciais que aconteceram entre 26 de março a 02 de abril.
Onde estão os tenores? Com poucas vozes masculinas , a edição deste ano mostrou a falta de tenores na fase semi final do Concurso. Se na época de Maria Callas os principais tenores em circulação a temiam, este ano eles simplesmente não apareceram. Nas vozes masculinas predominaram os baixos e barítonos e assim o júri não outorgando o Primeiro Grande Prêmio Masculino, premiou dois baixos com o segundo e terceiro lugares, foram eles Raul Morales Velazco, mexicano em segundo lugar e o chileno Pedro Alarcon Diaz em terceiro. Vingança de Callas em seu centenário? Não. Apenas a falta de jovens tenores em início de carreira.
A popularidade que Maria Callas alcançou em suas apresentações na cidade de México, talvez tenha sido a benção da soprano grega na delegação mexicana deste ano, afinal o júri concebeu o Primeiro Grande Prêmio Feminino a duas sopranos deste país, foram elas Paula Maragón e Jennifer Mariel que coincidentemente foram preparadas e acompanhadas pelo mesmo pianista, o também mexicano Mitchel Casas. Será este o segredo? se preparar realmente como se deve para um Concurso de nível internacional? Na verdade deveria ser. O estudo do canto lírico com um no mínimo bom professor e correpetidor é a base essencial para uma carreira, principalmente em seu início.
Mas o pianista oficial do Concurso , Daniel Gonçalves não fica atrás. Ele é um nome de respeito em São Paulo e levou a premiação as outras duas também sopranos, Giulia Moura de São Paulo que conquistou o segundo grande prêmio feminino e a peruana Luz Merlina em terceiro.
As brasileiras Núbia Eunice e Letícia Morais também foram premiadas com recitais oferecidos pelo Hotel Toriba de Campos do Jordão, na série Toriba Musical. Outros prêmios foram outorgados para todos os vencedores que em sua maioria foram sopranos.
O patrocínio deste Festival é do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Prefeitura Municipal de Jacareí, por meio da Fundação Cultural da cidade. Apesar de acompanhar já alguns anos esta iniciativa, foi a primeira vez que vi um representante estadual abrindo o evento, no caso,  a secretária Marilia Marton que assumiu o cargo em janeiro deste ano e que em seu pronunciamento deixou clara a importância do Concurso e das parcerias para sua continuidade. Por parte da cidade de Jacareí, o prefeito Izaias Santana também analteceu sua realização.
A parceria junto a Fundação Theatro Municipal de São Paulo por meio da Organização Social Sustenidos que realiza a programação artística do teatro, foi possível a participação da Orquestra Experimental de Repertório que brilhantemente sob a batuta do maestro Luiz Fernando Malheiro acompanhou os excelentes cantores já premiados em edições do Maria Callas , foram eles Eiko Senda (soprano), Ana Lúcia Benedetti (mezzo) e Giovanni Tristacci (tenor). Todos eles levaram os aplausos e gritos de bravo de um público fiel a ópera que praticamente lotou o Teatro Sérgio Cardoso, sede do Concurso desde 2018.
Iniciativa de extrema importância foi a palestra com especialistas na área de fonoaudiologia aos concursantes, sem contar o encontro de escolas e academias de ópera que foi realizado na UNESP Barra Funda, que sedia a Fábrica de Ópera sob a direção do maestro Abel Rocha.
Diversos recitais como já mencionei também fizeram parte do Festival deste ano que entre as diversas parcerias podemos citar o Consulado Geral da Itália em São Paulo e Istituto Italiano di Cultura San Paolo que correalizam a iniciativa, além dos apoios do Consulado Geral da Espanha de São Paulo , Coletividade Helênica, Funarte e empresas privadas e instituições como a Opem Brasil, Hotel Toriba e Rotary Club Jacareí Oeste
Os organizadores Cia Ópera São Paulo e Amigos da Ópera de Jacareí, estão de parabéns por mais esta edição e como já anunciado, a edição 2024 já tem data marcada entre os dias 17 a 24 de março. Viva Maria. Callas para sempre.

Jonas Xavier, professor de canto e piano em Jacareí.

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