"LA FANCIULLA DEL WEST" DE PUCCINI TEM ENCENAÇÃO GRANDIOSA NO THEATRO MUNICIPAL DE SP. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA EXCLUSIVA PARA O BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 

"La Fanciulla del West" a ópera de Giacomo Puccini (1858-1924) que obteve na sua première um verdadeiro triunfo, se fizeram 47 chamadas à cena, e entre o 2º e 3º atos, Puccini foi coroado com uma coroa de prata, adornada com as cores nacionais da Itália e dos Estados Unidos. A recepção na primeira representação ocorreu a 10 de dezembro de 1910 no Metropolitan Opera House em Nova Iorque. Naquela noite cantaram Emmy Destinn, Enrico Caruso e Pasquale Amato, sob a direção de Arturo Toscanini

Influências de Debussy e Richard Strauss

A música desta obra pertence ao seu período de óperas veristas (Verismo) nas óperas Tosca, Madame Butterfly, La Fanciulla del West e Il Tabarro; porém em La Fanciulla, em todos os seus aspectos técnicos, notam-se em sua harmonia debussiniana o emprego da escala pentatônica e uma riquíssima orquestração straussiana. A instrumentação está entre as mais bonitas que Puccini compôs ao longo de sua carreira. Da Orquestra Sinfônica Municipal que interpretou com calor e correção, especialmente nos sopros de madeira, no quinteto de cordas e nas harpas, merecem um "bravo".

Surpreenderam ao público os belos cenários, bem elaborados e fiéis ao original, de autoria de Renato Theobaldo e o design de luz de Wagner Pinto. Figurinos adequados de Ronaldo Fraga e a excelente direção de cena de Carla Camurati correspondendo ao libreto de dupla criação (Carlo Zangarini e Guelfo Civinini) baseado no drama de The Girl of the Golden west, de David Belasco. 

Camurati já havia apresentado a Madame Butterfly em São Paulo,  confirmando sua competência à frente deste espetáculo. Esperamos que no próximo ano, em que se comemorará o centenário da morte de Puccini, tenhamos Camurati como diretora de cena  de uma das óperas do compositor (Tosca, Madame Butterfly etc).

              De origem austríaca Martina Serafin estreiou em 14 de julho no papel de Minnie. Soprano dramático de carreira considerável a cantora apresentou bom desempenho cênico, porém a voz já encontra-se desgastada e suas notas mais agudas soam estridentes. No sábado (15/7) Daniela Taberning, venceu o papel numa interpretação vocal mais homogênea. 

               Dick Johnson obteve na voz do argentino Gustavo Lopez Manzitti o canto dentro de seus atuais limites vocais, em apertadas passagens, enquanto a performance do tenor chileno Enrique Bravo encantou ao público, emitindo sua bem lançada página lírica "Ch'ella mi creda libero e lontano".

                Jack Rance, o sheriff malvado na pele de Lício Bruno deu dramática interpretação, ao passo que Homero Velho deparou-se com maiores problemas vocais ao decorrer do espetáculo. Do supporting  cast que é extenso, vale ressaltar a colaboração de Johnny França com sua expressiva atuação de Sonora; de Andrey Mira (Ashby); Eduardo Góes (Trin); Isaque Oliveira (Sid); Marcelo Ferreira (José Castro) e Max Costa (Larkens) muito satisfatórios. 

               As partes do coro engrandeceram sobremaneira o manejo das grandes cenas corais, como a caçada humana no terceiro ato, como também em alternâncias musicais entre os solistas e o coro no Ato de abertura. Encontrando-nos diante de uma das mais elaboradas partituras de Puccini, cuja minguada popularidade não corresponde a seus méritos. 

Escrito por Marco Antônio Seta, em 16 de julho de 2023.

Jornalista inscrito sob nº 61.909  MTB

Diplomado em piano, teoria, história da música, harmonia e contraponto no Conservatório Musical "Carlos de Campos", em Tatuí, SP

Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO em São Paulo.