FIMA - FESTIVAL INTERATIVO DE MÚSICA E ARQUITETURA 3ª EDIÇÃO / TEATROS HISTÓRICOS.



 

Festival abre sua terceira edição na quinta-feira, 5, homenageando o Teatro Amazonas com a Amazonas Filarmônica, e, no Domingo, 8, Theatro Municipal de Niteroi recebe Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim

 Até março de 2024, festival percorre e celebra icônicos teatros históricos nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Paraíba, Pará, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Norte

 

 

            Depois de homenagear diferentes monumentos arquitetônicos no estado do Rio de Janeiro (1ª edição) e contemplar importantes palácios e museus Brasil afora (2ª edição), o FIMA - Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, se dedica a homenagear os teatros históricos do Brasil, promovendo uma convergência lúdica entre música e arquitetura em alguns dos mais importantes templos da arte e da cultura brasileira. Desta vez, os eventos acontecerão, até março de 2024, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Paraíba, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, e Pernambuco, oferecendo concertos presenciais e virtuais, podcast, websérie, conteúdos interativos, aulas magnas e ações educativas para escolas.

 “Um dos principais objetivos do FIMA é estabelecer uma conexão afetiva do público com importantes patrimônios históricos brasileiros. Nesta nova edição do Festival, alguns dos mais importantes teatros históricos brasileiros serão celebrados. Edifícios que ao longo do tempo testemunharam importantes capítulos da trajetória artística do país. Através da música e da arquitetura, seremos transportados a diferentes momentos de nossa história, criando uma experiência multisensorial que unirá passado, presente e futuro. Uma jornada de reconhecimento e apreciação da rica tapeçaria que compõe a identidade cultural brasileira." afirma Pablo Castellar, Idealizador, Curador e Diretor Artístico do FIMA.

            A nova temporada se inicia no dia 5 de outubro, quinta-feira, em Manaus, no icônico Teatro Amazonas, com a renomada soprano Daniella Carvalho, sob a batuta do maestro Luiz Fernando Malheiro à frente da Amazonas Filarmônica. Participarão ainda o historiador Allan Diego Carneiro, a restauradora Judeth Costa e o arquiteto Marcos Cereto, que abordarão a história, memória e as riquezas arquitetônicas desse belo teatro.

            O Festival chega também em Niterói celebrando uma de suas mais belas arquiteturas. No domingo, dia 8 de outubro, às 17h, os mais de 180 anos do Theatro Municipal de Niterói serão reverenciados com a apresentação de uma geração de jovens músicos, de 15 a 18 anos, que integram a Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim, liderada pelo maestro alemão Knut Andreas, tendo ainda a participação de dois musicistas da Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, com comentários da arquiteta Fernanda Couto Teixeira e do historiador Maurício Vasque. Com patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet. Todas as apresentações do FIMA têm entrada gratuita.

            Nos últimos 25 anos, a OSJB estabeleceu intensos contatos internacionais e encontros de jovens de diferentes países e culturas, apresentando-se no Japão, Rússia, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Polônia, Albânia, Irlanda, Namíbia, Itália e França.

 

 

Concerto de abertura

 

            O concerto inaugural da terceira edição do  FIMA - Festival Interativo de Música e Arquitetura traz um repertório cuidadosamente selecionado para dialogar com a história, a arquitetura eclética e a arte decorativa desta joia arquitetônica manauara, um edifício inaugurado em 1896 durante o auge do ciclo da borracha, que se tornou um símbolo da opulência e do cosmopolitismo que reinaram na cidade de Manaus. 

            O Salão Nobre com seu piso de madeira brasileira e europeia, composto por cerca de 12 mil pedaços de madeiras nobres; lustres de vidro de Murano; colunas com base de mármore de Carrara; espelhos trazidos da Itália e França e um teto pintado por Domenico de Angelis terá suas características barrocas lembradas pela ária "Lascia ch'io pianga", da ópera "Rinaldo", de Handel. Também celebraremos este local  com duas canções, "Acalanto da Rosa" e "Ouve o Silêncio", de um dos maiores nomes da música manauara, o compositor Claudio Santoro. A emotividade de sua obra congrega, assim como este espaço, elementos que ressoam as riquezas culturais da Amazônia e do Brasil para o mundo. Esta área do teatro, onde os barões da borracha se encontravam no intervalo das apresentações, também será enaltecido pela música "Canção de Amor", da obra "Floresta do Amazonas", de Heitor Villa-Lobos. Uma música que ecoa as pinturas das paredes e do teto que retratam as belezas da floresta tropical.

            Saindo do Salão Nobre de forma etérea, o programa segue com a obra "Prélude à l'après-midi d'un faune", de Claude Debussy, obra que bem representa o universo da Belle Époque em que este teatro foi construído, chegando até a cúpula concebida pela Casa Koch-Frêres, de Paris, em 1895, adornada com 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia, na França.  Celebrando as pinturas de sua estrutura interna - quatro telas fixadas sob o teto abobadado que foram pintadas em Paris pela Casa Carpezot – e os momentos memoráveis que este espaço abrigou ao longo de sua história, o programa segue com "Abertura de Tannhäuser", uma das obras mais populares e reconhecíveis de Richard Wagner, compositor que revolucionou a ópera com seu conceito de obra de arte total, integrando música, poesia e cenografia em uma experiência artística coesa e inovadora.

            A peça também é representativa do estilo de Wagner ao usar leitmotifs, pequenos temas musicais que representam personagens, emoções ou ideias, que são desenvolvidos e transformados ao longo da obra. A obra de Wagner também será lembrada para celebrar os 25 anos de história do mais longevo e importante evento lírico do Brasil, o Festival Amazonas de Ópera (FAO) - o compositor teve quase a totalidade de sua obra realizada ao longo das mais de duas décadas deste icônico projeto, com destaque para o ciclo completo do “Anel de Nibelungo”, que foi reconhecido e amplamente festejado internacionalmente.

            Para comemorar os 26 anos da Amazonas Filarmônica (orquestra oficial do FAO e do Teatro Amazonas, na qual Luis Fernando Malheiro atua, desde 1999, como Diretor Artístico e Regente Titular), será apresentado o "Intermezzo" da Ópera "Cavalleria Rusticana", de Pietro Mascagni.

            Destacando a importância da elite da Belle Époque manauara, que financiou a construção do teatro, uma das óperas mais famosas de Puccini, "La Bohème", que estreou em 1896, o mesmo ano em que o Teatro Amazonas foi inaugurado.  A obra, que imortaliza a vida de jovens boêmios em Paris, é especialmente conhecida pela sua ária "Donde Lieta Usci", na qual a protagonista se despede de seu amado reconhecendo que o amor deles não pode resistir às adversidades e à pobreza que os cercam. Já o amor pelas artes, tão característico no Teatro Amazonas, resistiu ao declínio econômico que seguiu o fim do ciclo da borracha, mantendo-se como um farol da cultura até hoje naquela que já foi chamada de a "Paris dos Trópicos".

            O concerto se encerra com uma viagem no tempo até o dia da estreia da primeira ópera encenada neste teatro, especificamente no dia 7 de janeiro de 1897, "La Gioconda", de Amilcare Ponchielli. Dela, será apresentada Ária: "Danza delle Ore", remetendo o público à primeira récita interpretada pela Companhia Lírica Italiana e regida pelo maestro Joaquim de Carvalho Franco. Desde essa estreia, de Bidu Sayão a Eliane Coelho, de Procópio Ferreira a Fernanda Montenegro, de Tatiana Leskova a Ana Botafogo, de Guiomar Novais a Nelson Freire, grandes nomes da ópera, do Teatro, da dança e da música brasileira estiveram neste palco histórico. 

 

Homenageando o Theatro Municipal de Niterói

 

            Edifício eclético de inspiração neoclássica, símbolo da cultura niteroiense, o Theatro Municipal Niterói - também conhecido como Theatro Municipal João Caetano - tem em sua fachada um brasão da cidade de Niterói onde se lê a data 1819 alusiva à primeira sala de espetáculos da cidade que existiu neste mesmo terreno. Porém, foi em 1842 que o famoso ator João Caetano adquiriu o prédio e o transformou no Teatro Santa Teresa, em homenagem à terceira imperatriz do Brasil. Em uma tarde onde o tempo se desdobra e a história se torna presente, o programa que será apresentado pela OSJB propõe um diálogo com a memória e a arquitetura deste emblemático edifício.

            A jornada começa com a abertura da suite de música incidental "Antígona" de Mendelssohn, composta em 1842, mesmo ano em que este teatro foi inaugurado. A peça, com sua elegância clássica, serve como um portal para o passado, para aquele momento quando as cortinas se abriram pela primeira vez e a comédia "As Memórias do Diabo" provocou, no espaço, risos e aplausos estonteantes.

            A próxima obra traz o ritmo pulsante das nossas tradições musicais africanas representadas na música  "Batuque", de Lorenzo Fernández, conduzindo o público e lembrar que este teatro não é apenas um relicário de tempos passados, mas um espaço vivo, palpitante que reflete a alma e o coração do Brasil. Um local que recebe todos os tipos de manifestações culturais e que une passado e presente – como exemplo, o pano de boca pintado por Burle Marx, a maior obra já realizada por ele, com 99 metros quadrados de tela. De acordo com o artista, a tela foi realizada para se conectar de forma equilibrada aos elementos arquitetônicos existentes deste teatro aos tempos de hoje. 

            Em seguida, "Kol Nidrei", de Max Bruch, uma meditação profunda que convida o público a refletir e sentir a presença daqueles que vieram antes de nós. Um momento contemplativo onde o solo de violoncelo conduz o público a imaginar personalidades como, João Caetano no palco ou o imperador Dom Pedro II no camarote de honra.

            O concerto se encerra com a Sinfonia No. 5 de Beethoven, uma obra que resistiu ao teste do tempo para se tornar um ícone atemporal da cultura, assim como o Theatro Municipal João Caetano, em Niterói. O famoso 'motivo do destino' se desenvolve e ressoa não apenas na sala de espetáculo. Ele também espelha a própria estrutura neoclássica deste edifício que protagoniza este concerto onde a música e o teatro se tornam um.

 

 

 

Programação

 

            Seguindo no objetivo de construir uma relação afetiva do público com os patrimônios visitados pelo projeto, através de um diálogo cativante e multissensorial,  o FIMA - Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, irá celebrar também importantes orquestras brasileiras: a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (Belém); a Orquestra Sinfônica do Recife; e a Orquestra Acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora, além da participação especial da Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim, reverenciando o Theatro Municipal de Niterói.

            Além da programação presencial, o FIMA amplia sua presença digital. Os "Concertos Virtuais FIMA" serão exibidos gratuitamente nas redes sociais do festival, em formatos tradicionais e 360º. A websérie "Obras em Nota" antecipará o que será apresentado levando aos espectadores um entendimento mais claro sobre as escolhas das obras apresentadas em cada local, enquanto o podcast "Diálogos FIMA" trará insights e entrevistas com músicos, palestrantes e convidados especiais.    

O FIMA também se dedica à educação musical, oferecendo aulas magnas gratuitas com artistas renomados e o projeto "FIMA na Escola", uma ação educacional com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de suas comunidades.

 

 

Dia 05 de outubro de 2023

Local: Teatro Amazonas 

MANAUS

Horário: 20h

Entrada franca, por ordem de chegada e sujeito à lotação do Teatro.

Classificação: livre

 

Orquestra Amazonas Filarmônica

Maestro: Luiz Fernando Malheiro

Solista: Daniella Carvalho, soprano

 

Palestrantes: 

 

Allan Diego Carneiro, historiador

Judeth Costa - restauradora

Marcos Cereto, arquiteto

 

Programa:

 

GEORG FRIEDRICH HÄNDEL (1685 - 1759)

Ária: "Lascia ch'io pianga" da Ópera: "Rinaldo"

 

CLAUDIO SANTORO (1919 - 1989)

"Acalanto da Rosa"

"Ouve o Silêncio"

 

CLAUDE DEBUSSY (1862 - 1918)

"Prélude à l'après-midi d'un faune" (Prelúdio para a Tarde de um Fauno)

 

 

HECTOR BERLIOZ (1803 - 1869)

"Nuits d'été" (Noites de Verão)

 

HEITOR VILLA-LOBOS (1887 - 1959)

"Canção de Amor"

 

RICHARD WAGNER (1813 - 1883)

"Abertura de Tannhäuser"

 

PIETRO MASCAGNI (1863 - 1945)

Ária "Voi lo sapete, o mamma" (Você sabe, mãe) da Ópera: "Cavalleria Rusticana"

"Intermezzo" 

 

GIACOMO PUCCINI Giacomo Puccini (1858-1924)

Donde Lieta Usci, ária do 3º ato da ópera La Bohème

 

AMILCARE PONCHIELLI (1834 - 1886)

Ária: "Danza delle Ore" (Dança das Horas) da Ópera: "La Gioconda"

 

 

 

 

Dia 08 de outubro de 2023

Local: Theatro Municipal de Niterói

Horário:17h

Endereço: Rua Quinze de Novembro, 35 - Centro, Niterói - RJ

Entrada franca, com distribuição de ingressos uma hora antes do evento, limitado a um ingresso por CPF.

Classificação: livre

 

Orquestra: Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim

Participação de alunos do Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (2 fagotes)

Maestro: Knut Andreas

Solista: Ludwig Huhn, violoncelo

Palestrantes: Fernanda Couto Teixeira, Arquiteta  / Maurício Vasque, historiador.

 

FELIX MENDELSSOHN

Antígona, Op. 55, MWV M 12 (Abertura)

Duração: 7 minutos

 

OSCAR LORENZO FERNÁNDEZ (1897-1948)

"Batuque"

Duração: 5 minutos

 

MAX BRUCH (1838 - 1920)

"Kol Nidrei"

Solista: Ludwig Huhn, violoncelo

Duração: 11 minutos

 

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770 - 1827)

"Sinfonia No. 5 em Dó menor, Op. 67"

Duração: 33 minutos

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