A SINFONIA Nº 2 DE MAHLER NO THEATRO MUNICIPAL DE SP. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Gustav Mahler (Kaliště, Boêmia, 7 de Julho de 1860 — Viena, 18 de Maio de 1911) foi um dos mais conhecidos regentes austríacos. Atualmente, Mahler costuma ser considerado um dos maiores sinfonistas do Século XX. Ele é originário de Kalischt, do então Império Austríaco, (hoje parte da República Checa), foi um dos maiores e mais complexos orquestradores da música ocidental.
A Sinfonia Ressurreição foi composta entre 1888 e 1894 e nos traz cinco movimentos, sendo o último longo, com a introdução de um coro misto, contando com duas solistas: um soprano e um mezzo-soprano, à semelhança de Beethoven, que usou um coro e solistas no último movimento de sua Nona Sinfonia, Ops 125. É compreensível que essa sinfonia tivesse interessado a Richard Strauss, cujo poema sinfônico Morte e transfiguração fora composto em 1889, e que este regeu os três primeiros movimentos em Berlim, antes da primeira execução integral dessa sinfonia, em março de 1895, com o próprio Mahler regendo a Filarmônica de Berlim.
“A escolha de fazermos a segunda sinfonia na Semana Santa, é por tratar do assunto da ressurreição”, explica o maestro Roberto Minczuk. “O texto reflete a crença de que haverá um dia onde todos ressuscitarão dos mortos, como vários textos falam sobre a ressurreição, inclusive, a bíblia que foi o texto que mais inspirou Mahler neste momento. Ela reflete certa esperança”, pontua".
A instrumentação inclui dez trompas, oito trompetes, cinco trombones incluindo-se um contra-bass tuba, três flautas e um piccolo, dois oboés e um cornê-inglês, dois fagotes e contra-fagote, dois clarinetes e clarone. Cordas usuais e duas harpas. A secção de percussão é ampla com dois conjuntos de tímpanos, bombo, gongo, caixa-rasa, e outros de afinação indefinida.Há também a introdução de órgão no V movimento.
A mão pesada de Roberto Minczuk atacou, já no acorde inicial nas cordas, com um ff (fortíssimo) que começa como um poema sinfônico fúnebre. O primeiro movimento é um grande cortejo fúnebre e trata-se da trajetória de um herói, de uma pessoa estimada. Os demais movimentos refletem sobre as alegrias passadas, vividas na terra. O ‘grand finale’ fala sobre a esperança, a glória da vida após a morte”, finaliza o regente. Acontece que para uma interpretação de uma obra de tão grande porte e importância, seriam necessárias, pelo menos duas semanas de preparação minuciosa, entre regente e orquestra, inclusive com nuances, dinâmicas de intensidades sonoras, matizes em sensibilidade aguçada. Tudo se resumiu em um ff, fff, e em algumas passagens, inclusive numa sonoridade ensurdecedora, exagerada por assim dizer. Alguns músicos mais sensíveis, conseguiram uma dinâmica equilibrada, citem-se o spalla da orquestra, a primeira flauta, o clarinete I ou ainda as duas harpistas da Orquestra Sinfônica Municipal.
Como solistas surgiram no palco o mezzo-soprano Carolina Faria, de voz aveludada, de um timbre muito agradável de se ouvir, e o soprano Marly Montoni, ambas fizeram-se audíveis sob controle na grandiosidade da obra.
O Coro Lírico Municipal e o Coral Paulistano preparados por Erica Hendrikson e Maíra Ferreira, respectivamente, emprestaram a sua emotividade a serviço do carater da obra de Mahler, que absolutamente, não passa pela liturgia cristã, sem menções a Jesus Cristo.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 31 de março de 2024.
Jornalista inscrito sob nº 61.909 - MTB - SP
Eu me permito discordar, respeitosamente, da crítica do Seta quanto à regência, que não achei pesada nem errada. Minczuk é um maestro que sabe interpretar uma partitura e expressá-la, ao mesmo tempo, sob sua visão pessoal. É preciso tomar muito cuidado para não assumir, como perfeita determinada gravação e estabelece-la como parâmetro. Respeito, entretanto, o direito sagrado do jornalista de desgostar da interpretação proposta, já que a unanimidade é burra e a percepção de uma obra de arte é de sua leitura é algo muito particular de cada um.
ResponderExcluirGostei e endosso a sua critica. Marco A. Setta. Prof. Dr. Eldo Mello.
ResponderExcluirDiscordo totalmente , Maestro Roberto é um dos raros Maestros que fazem bem Mahler, a OSM , o Coro Lírico e solistas brilharam todos juntos , fui na sexta e me senti abençoado por termos esse nível de música em nossa São Paulo. Suas críticas beiram o pessoal e você só perde credibilidade. Lendo-as, vejo ataques pessoais. Lamentável
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