LAMBANÇA MINEIRA: GOVERNO MINEIRO QUER TRANSFRMAR A SALA MINAS GERAIS EM ESPAÇO MULTIUSO. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 


  Governo de Minas querendo transformar o único espaço construído desde a primeira pedra nesse país para ser exclusivamente uma sala de concertos sinfônicos em um espaço multiuso. Enquanto na Europa as salas mais antigas dedicadas à essa finalidade, datam da segunda metade do século XVIII, no Brasil só fomos saber o que é esse negócio no final do século XX. Na Argentina, o teatro Colón de 1908, revela uma preferência por uma acústica não tão seca como a dos municipais do Rio e SP, favorecendo o som da orquestra. A Venezuela construiu uma sala com ótima acústica para concertos sinfônicos já nos anos 50, a Aula Magna da Universidade de Caracas, onde muitas gravações da Orquestra Simón Bolívar foram realizadas. Para mim a melhor acústica da América Latina é a da Sala Nezahuacoytl, situada no campus da Universidade Nacional Autônoma do México, cuja construção data de 1976.

Parece que as autoridades culturais no Brasil ainda não ficaram sabendo que cada espaço tem acústica e arquitetura próprias, para uma determinada atividade. No teatro falado e em conferências se necessita de uma acústica bem seca, para a ópera de uma acústica um pouco mais ressonante e para a música sinfónica, uma sonoridade com ainda mais reverberação. No Brasil nunca faltaram teatros, mas praticamente não temos salas sinfônicas com acústica excelente. A Sala Minas Gerais é talvez um exemplar único do seu tipo no Brasil.

Mas o que se poderia esperar de um governador como Romeu Zema, que antes mesmo de ser eleito insultava a Sala Minas Gerais, tachando a construção de "monstruosidade da elite"? Diga-se de passagem que a obra foi uma iniciativa do governo Anastasia do PSDB, terminada no governo Pimentel do PT e boa parte da estratégia de propaganda política do atual governador consiste em dizer que os governos anteriores fizeram tudo errado e quebraram Minas, sendo ele mesmo Romeu Zema, o encarregado de colocar as coisas no lugar. Ele se elegeu e se reelegeu com base nessa conversa fiada.

Zema inclusive já tentou privatizar a Sala Minas Gerais e até a CODEMIG, que é a proprietária da sala. Ele só não privatizou tudo por aqui por causa de uma lei que existe na constituição estadual, da época do governador Itamar Franco, que impede privatizações de bens do estado de Minas sem a realização prévia de referendos populares.

Tanto Zema quanto seu patrono político Bolsonaro foram muito bem votados em Belo Horizonte, cidade onde a Filarmônica está sediada, na eleições de 2018 e 2022, nesta última Jair Messias ganhou em BH com 54 por cento, uma votação melhor do que ele recebeu no Rio e em SP. Lula acabou ganhando no estado de Minas, num fenômeno contrário ao aconteceu em boa parte do país, por causa da votação que a esquerda recebeu no interior de MG. Na cidade onde eu resido por exemplo, Juiz de Fora, Lula recebeu 56 por cento dos votos. Digo isso para exemplificar que a política levada adiante pelo governador Zema, infelizmente está a receber apoio eleitoral na cidade e na região onde está sediada a orquestra que ele tanto ataca. Ou seja, podemos acender o alarme, PERIGO e gritar por SOCORRO!

Isaac Carneiro Victal.

Comentários

  1. No Rio de Janeiro, estão fazendo a mesma coisa com a Sala Cecilia Meireles. Fecharam para obras sem explicação e soube hoje que vão colocar o Nelson Mota como curador, alguém que não tem a menor intimidade com música clássica.

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