SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA ESTREIA TEMPORADA 2024 NO TEATRO SÉRGIO CARDOSO.


                     

                                     Petrushka, de Goyo Montero_SPCD_Crédito Iari Davies 

A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) – corpo artístico da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, gerido pela Organização Social Associação Pró-Dança – inicia, este mês, sua nova Temporada no Teatro Sérgio Cardoso. Os dois diferentes programas serão apresentados de 21 a 23 e 28 a 30 de junho. O TSC é um equipamento cultural também da Secretaria, com gestão da Amigos da Arte.

Serão obras clássicas e contemporâneas que revelam toda a diversidade do repertório da companhia. Além dos espetáculos, a programação inclui as já conhecidas atividades educativas, com espetáculos gratuitos, palestras e, ainda, ações de acessibilidade, como audiodescrição das obras e intérprete de libras durante as palestras aos sábados. Os ingressos já estão à venda e podem ser adquiridos a partir de R$ 25 pelo link.

Programação 2024

Intitulada Tornar visível o invisível, esta temporada foi inspirada pelo poema de Orhan Pamuk e sua definição de amor;

“O amor é a capacidade de tornar visível o invisível e o eterno desejo de sentir o invisível em nós próprios”.

Orhan Pamuk

“A dança é um diálogo sem palavras, onde cada gesto, cada salto, cada pirueta é uma frase carregada de significado. Ao assistir a um espetáculo, somos transportados para um espaço onde o tempo externo parece suspender-se, deixando-nos à deriva em um oceano de emoções que transbordam dos artistas e ecoam na plateia”, nos conta Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança.

As apresentações têm início em junho, quando a SPCD sobe ao palco do Teatro Sérgio Cardoso com dois programas diferentes. De 21 a 23, a SPCD apresenta Le Chant du Rossignol (2023), de Marco Goecke; Odisseia (2018), de Jöelle Bouvier; além de uma estreia de Jomar Mesquita, batizada como Yoin.

Le Chant du Rossignol traz a assinatura de Marco Goecke, com movimentos rápidos que somem no espaço escuro do palco. Segundo o coreógrafo, “os ingredientes dessa peça são: um canto, um pássaro, a urgência de voar, a natureza que vive e morre, a fragilidade que é leve como uma pluma. Uma peça que está no ar, que é um sopro. Se pudéssemos segurar um pássaro na mão, sentiríamos o seu tremor, sua vontade de fugir, sua fragilidade aliada a um poder que nos permite ter vontade de voar também”, conta.

Já Odisseia é uma viagem, um reencontro consigo mesmo. Movida pela questão dos migrantes da atualidade, a coreógrafa constrói uma estrutura dramática e poética que aborda temas como mudança, transição, partida e a esperança de uma vida melhor. Jöelle Bouvier explica que procurou misturar fragmentos das Bachianas Brasileiras com a composição de Bach, Paixão Segundo São Mateus. Ao final temos, na voz de Maria Bethânia, a música Melodia Sentimental e o poema Pátria Minha. A obra tem coprodução de Chaillot – Théâtre National de la Danse, na França.

Para encerrar a semana, a inédita Yoin, que levanta questões em quem interpreta e em quem assiste. Qual é a sensação que fica após cessado o estímulo? Os mínimos e mais sutis, os dolorosos ou longevos. O som da gangorra, o cheiro do café da avó, toques, as imagens que parecem permanecer ou persistir. Aqueles que gostaríamos de guardar em uma cristaleira, em um relicário. E como nos transformamos quando tais estímulos deixam de ser reais, mas persistem na nossa cristaleira interior… Yoin.

“Ao revisitar as referências usadas para criar a obra Mamihlapinatapai - primeira criação que fiz para a São Paulo Companhia de Dança - me deparei com outra conotação do significado dessa palavra tão instigante: aquele momento de reflexão em volta do fogo, após os avós transmitirem suas histórias e conhecimentos para os mais jovens. Ou seja, mais uma vez: a sensação que fica após cessado o estímulo. E o que fazemos com o que ficou, com as nossas ancestralidades, perdas, gozos, suspiros, arrepios, dores… que guardamos no nosso relicário: Yoin. Essa nova criação nos faz retornar, portanto, ao início desse meu encontro com esses artistas e refletir sobre as sensações que ficaram em nós e as que deixamos no público. O que ficou das experiências passadas de cada um, das nossas ancestralidades, quais legados nos foram transmitidos e por nós embalados. Nos transformamos em novas versões de nós mesmos, após cessados os estímulos que nos perpassaram ou nos atravessaram”, comenta Jomar.

A trilha sonora metaforiza esse universo, com versões de músicas cujas interpretações originais marcaram o cenário musical brasileiro. O que elas se tornaram após transformadas por novos olhares. O figurino utiliza o upcycling em uma analogia com as novas e melhores versões que podemos criar de nós mesmos a partir dos resíduos das experiências vividas, que guardamos nas nossas cristaleiras interiores. A iluminação simboliza a fogueira de forma contemporânea, em volta da qual os saberes e ancestralidades são transmitidos para nos transformar. Yoin também diz da própria dança que, com sua efemeridade, deixa suas marcas e sensações, após fechadas as cortinas, para o público embalar nos seus relicários.

“Sinto as minhas sinapses como fios desencapados em curto-circuito e penso em descrever o cheiro do café que minha mãe torrava e o mal estar que sinto agora com uma cápsula de espresso na mão. Olho as minhas mãos e pergunto se a minha linha do tempo diminuiu ou se foi minha mão que cresceu. Onde eu via que teria dois filhos, vi tantas linhas menores cruzadas e não sei quantos filhos eu tive e tenho. De tantos cuidei, só para descuidar de mim e conto quantos malmequeres dediquei a mim mesma. Como me assentar de um jeito torto,” reflete o coreógrafo.

A obra inédita Yoin, de Jomar Mesquita, é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e São Paulo Companhia de Dança via via Lei De Incentivo à Cultura Lei Rouanet, Ministério Da Cultura E Governo Federal União e Reconstrução e Pro-Mac - Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais. Patrocínio BAIN e Itaú.

Na semana seguinte, de 28 a 30 de junho, o público confere Petrushka (2023), de Goyo Montero; Memória em Conta-Gotas (2023), de Lili de Grammont; e Gnawa (2009), de Nacho Duato.

Um dos balés mais populares do cenário mundial, estrelado por Vaslav Nijinsky, em 1911, Petrushka, conta a história de amor e ciúme de três bonecos que ganham vida. Este é o tema da nova criação do coreógrafo espanhol Goyo Montero para a SPCD. Nesta releitura inédita, bonecos infláveis gigantes ganham novos contornos – Petrushka, Bailarina e Lutador –, contam esta história de amor, morte, alegria, tristeza, rejeição e manipulação. Petrushka ama a Bailarina, mas ela prefere o Lutador, que mata Petrushka, cujo fantasma aparece quando a noite cai. “É um teatro dentro de outro teatro, para que eu possa contar essa história de diferentes perspectivas”, fala o coreógrafo. Essa é a segunda montagem de Goyo Montero para a SPCD, para quem já criou Anthem (2019).

Já Memória em Conta-Gotas é dançada ao som dos clássicos de Lindomar Castilho, como “Você é Doida Demais”, “Vou Rifar Meu Coração” e “Linda” – revisitados e modernizados pelo compositor Ed Côrtes. A coreógrafa Lili de Grammont, cria sua 1ª obra para a SPCD, a partir de um dos casos passionais mais conhecidos no país: o feminicídio de Eliane de Grammont, sua mãe, por Lindomar Castilho, seu pai. A dramaturgia da obra é construída a partir de pinceladas de memórias de Lili com relação a história. “A narrativa não é direta e tão pouco intenciona contar a história. É uma inspiração, recheada de sentimentos e complexidades. Memória em Conta-Gotas expõe vulnerabilidade e tristeza, mas acima de tudo dialoga sobre como seguir com coragem e esperança”, diz ela.

Por fim, Gnawa é uma peça que utiliza os quatro elementos fundamentais - água, terra, fogo e ar - para tratar da relação do ser humano com o universo. A obra apresenta o reiterado interesse de Nacho Duato pela gravidade e pelo uso do solo na constituição de sua dança. Os gnawas são uma confraria mística adepta ao islamismo, descendentes de ex-escravos e comerciantes do Sul e do centro da África, que se instalaram ao longo dos séculos no norte daquele continente.

Atividades Educativas

Quarenta e cinco minutos antes dos espetáculos, o público interessado em se aprofundar nas histórias e nos bastidores das criações poderá conversar com a diretora da Companhia, Inês Bogéa, em palestras gratuitas sobre os processos criativos das obras. As conversas têm duração de cerca de 30 minutos e, aos sábados, contará com a presença de intérpretes de libras. A Temporada apresentará ainda Espetáculos para Estudantes e Terceira Idade, que acontecem nos dias 21 e 28 de junho, às 15h. A atividade é gratuita mediante inscrição prévia no site.

A temporada Tornar Visível o Invisível é realizada pelo Ministério da Cultura e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Da Cultura, Economia e Indústria Criativas e São Paulo Companhia de Dança via Lei de Incentivo à Cultura Lei Rouanet, Ministério Da Cultura E Governo Federal União e Reconstrução. Patrocínio Itaú. Apoio Giuliana Flores.

Serviço e Fichas Técnicas

Teatro Sérgio Cardoso

Endereço: R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01326-010

Horários: sexta, às 20h | sábado, às 16h e às 20h | domingo às 16h

Capacidade física: 827 lugares

Acessibilidade: Sim

Ingressos: balcão – R$ 50,00 (inteira), plateia lateral – R$ 70,00 (inteira) e plateia central – R$ 80,00 (inteira) | à venda via Sympla

Programa 1: de 21 a 23/6 Link para compra: https://bileto.sympla.com.br/event/94464/d/258288

Classificação: Livre | Duração: 107 minutos com intervalo Fotos: https://bit.ly/3QNATRo

Le Chant Du Rossignol (2023)

Coreografia e Figurino: Marco Goecke

Remontagem: Giovanni di Palma

Música: Le Chant du Rossignol, de Igor Stravinsky

Iluminação: Udo Haberland

Odisseia (2018)

Coreografia: Jöelle Bouvier

Assistente de coreografia: Emilio Urbina e Rafael Pardillo

Música: trechos de Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa Lobos; trechos de Paixão Segundo São Mateus, de Johann Sebastian Bach; Melodia Sentimental, de Villa Lobos (letra de Dora Vasconcellos); poema Pátria Minha, de Vinícius de Moraes; e texto de Irène Jacob

Iluminação: Renauld Lagier

Figurinos: Fábio Namatame

Yoin (2024)

Coreografia: Jomar Mesquita

Assistente de coreografia: Rúbia Frutuoso

Músicas: ⁠Poema “Saudades” - Arnaldo Antunes / ⁠Assum Preto - Luiz Gonzaga do Nascimento e Humberto Teixeira (intérprete: Jorge Du Peixe) / Fim de Festa - Itamar Assumpção (intérpretes: Naná Vasconcelos; Itamar Assumpção) / Carinhoso - João de Barro; Pixinguinha (intérprete: Elza Soares) / ⁠Como 2 e 2 - Caetano Veloso (intérpretes: Arnaldo Antunes; Vitor Araújo) / Samba da Benção - Baden Powell; Vinícius de Moraes (intérprete: Maria Bethânia) / Avisa - Tato (intérprete: Cida Moreira) / Juízo Final - Elcio Soares; Nelson Cavaquinho (intérprete: Arnaldo Antunes) / (vozes dos bailarinos do elenco)

Figurino: Agustina Comas

Iluminação: André Boll

Programa 2: de 28 a 20/6 Link para compra: https://bileto.sympla.com.br/event/94463/d/258284

Classificação: Livre | Duração: 95 minutos (com intervalo) Fotos: https://bit.ly/3WCUM1f

Petrushka (2023) - © GOYO MONTERO, todos os direitos reservados

Coreografia: Goyo Montero

Assistente de Coreografia: Igor Vieira

Música: Igor Stravinsky

Iluminação: Nicolas Fischtel

Figurinos: Salvador Andujar Execução de Figurinos: Fabio Namatame

Cenografia: Curt Allen Wilmer e Letícia Gañán

Bonecos (infláveis e marionetes): Salvador Andujar

Consultoria para Construção e Manipulação de Bonecos: Beto Andreetta

Execução de Infláveis e Pintura de Arte: Carlos Delfino

Execução de Máscaras e Marionetes: Dino Soto

Organização (Espanha): Carlos Iturrioz

Memória em Conta Gotas (2023) - Essa obra integrou o projeto Ensejos, uma parceria com o Centro Cultural São Paulo, que tem curadoria de dança de Mark Van Loo e direção geral de Rodolfo Beltrão. Coreografia: Lili de Grammont Música: de Ed Côrtes, com canções - Você é Doida Demais”, “Vou Rifar Meu Coração” e “Linda”, de Lindomar Castilho Iluminação: Caetano Vilela Figurinos: Cláudia Schapira

Gnawa (2009)

Coreografia: Nacho Duato

Música: Hassan Hakmoun, Adam Rudolph, Juan Alberto Arteche, Javier Paxariño, Rabih Abou-Khalil, Velez, Kusur e Sarkissian

Iluminação: Nicolás Fischtel

Figurino: Luis Devota e Modesto Lomba

Remontagem: Hilde Koch e Tony Fabre (1964-2013)

Organização e produção original: Carlos Iturrioz Mediart Producciones SL (Espanha)

 SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA

Criada em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) é um corpo artístico da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, doutora em Artes, bailarina, documentarista e escritora. A São Paulo é uma Companhia de repertório, ou seja, realiza montagens de excelência artística, que incluem trabalhos dos séculos XIX, XX e XXI de grandes peças clássicas e modernas a obras contemporâneas, especialmente criadas por coreógrafos nacionais e internacionais. A difusão da dança, produção e circulação de espetáculos é o núcleo principal de seu trabalho. A SPCD apresenta espetáculos de dança no Estado de São Paulo, no Brasil e no exterior e é hoje considerada uma das mais importantes companhias de dança da América Latina pela crítica especializada. Desde sua criação, já foi assistida por um público superior a 1 milhão de pessoas em 22 diferentes países, passando por cerca de 180 cidades em mais de 1.250 apresentações e acumulando mais de 50 prêmios e indicações nacionais e internacionais. Por meio do selo #SPCDdigital criado em 2020, já realizou mais de 50 espetáculos virtuais e streamings de apresentações que somam mais de 1 milhão de visualizações. Além da Difusão e Circulação de Espetáculos, a SPCD tem mais duas vertentes de ação: as Atividades Educativas e de Sensibilização de Plateia e Registro e Memória da Dança.

DIREÇÃO ARTÍSTICA E EDUCACIONAL | INÊS BOGÉA é bailarina, documentarista, escritora e professora. É graduada em filosofia e pedagogia. É doutora em Artes com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Atualmente, é diretora artística e educacional da São Paulo Companhia de Dança e da São Paulo Escola de Dança, professora de cursos de especialização em arte, educação e memória, além de documentarista e escritora. De 1989 a 2001 foi bailarina do Grupo Corpo e entre 2001 e 2007 foi crítica de dança da Folha de S. Paulo. É autora e organizadora de diversos livros e de mais de 70 documentários sobre dança.



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