SOBRE OS CASTRATI OU COMO A IGREJA CATÓLICA PAROU DE CASTRAR MENINOS E PASSOU A SER TOTALMENTE CONTRA AS CIRURGIAS DE RETIRADA DOS TESTÍCULOS! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


                  Alessandro Moreschi (1858-1922) o último castrato
 

 O último castrato Alessandro Moreschi morreu apenas cerca de 100 anos atrás, cantava no coro da Capela Sistina de Roma e chegou a ser diretor dessa formação. Existem gravações dele e estas constituem o único registro do canto dos castrati. Proibida a "castração para fins artísticos" em 1870, Moreschi tendo nascido em 1858, não viveu a era de ouro dos cantores castrados já que a ultima grande estrela desse tipo vocal Giovanni Battista Velluti, morreu mais ou menos na época em que Moreschi nasceu, tendo sido Rossini e Meyerbeer os últimos compositores renomados que escreveram óperas pensando em intérpretes com tais características. O Vaticano foi o último lugar no mundo onde se apresentavam estes artistas antes de sua extinção, no início do século XX.

Hoje a mesma Igreja Católica está engajada, juntamente com outras religiões, numa verdadeira cruzada contra o direito de pessoas adultas por livre e espontânea vontade, removerem seus testículos. A palavra que utilizam é mutilação para definir tais cirurgias. Já escutei crentes falarem que quem passar por essa mutilação não entra no céu. Especialmente indignados esses religiosos ficam com a possibilidade de existirem crianças travestis, sendo que o ultimo castrato Moreschi mencionado acima, passou pelo fatídico procedimento aos 7 anos.

Hoje apenas podemos escutar falsetistas masculinos cantando em tessitura feminina, na maioria das vezes sem o alcance do registro de soprano que os castrati possuíam. É raro um cantor como o brasileiro Bruno de Sá, este canta em falsete na tessitura de soprano. Provavelmente isso se deve a uma voz naturalmente aguda para um homem como é o caso dele, pois mesmo sua voz falada possui um timbre bem feminino e um tom agudo.

Sei muito bem como é ser assim pois também por características genéticas e hormonais que me são características, no meu caso tenho uma aparência bem efeminada, ao ponto de muitas pessoas, agora com a maior difusão dos estudos de gênero, me tratarem no feminino, ou perguntarem em que gênero gostaria que me tratassem. Bem eu recentemente assisti ao professor e militante LGBT Luiz Mott falar em palestra que não devemos crucificar ninguém por errar o nosso gênero, assim evitando mais conflitos com uma sociedade em si muito conservadora sobre esse tema em questão.

Descobri que eu e Mott estudamos na mesma escola, chamada Academia de Comércio aqui em Juiz de Fora, ele nos anos 50 e 60 e eu nos anos 90. Contei para ele que quase me expulsaram de lá quando ganhei por unanimidade uma eleição para escolher a rainha da classe, esta por sua vez teria que desfilar portanto uma bandeira na abertura da olimpíadas internas desta instituição de ensino. Recebi uma intimação verbal numa sala em particular, apesar de não ter me envolvido em nada nessa eleição, de uma importante autoridade da escola, depois nomeada delegada de ensino aqui em Juiz de Fora, as palavras dela "eu não contrato homossexuais, esse tipo de gente não trabalha aqui e se possível aqui na Academia, não quero homossexual nem como aluno!"

Isaac Carneiro Victal


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