Cena da ópera com Alberto Gazale (Nabucco) e Luisa Francesconi (Fenena); Coro Lírico Municipal ao fundo da cena.
"Já há três meses estavam esgotados os ingressos no Theatro Municipal de São Paulo para a ópera Nabucco, de Giuseppe Verdi. Mas quem foi ver a ópera encontrou algo diferente do anunciado.
O coro estava vestido com roupa atual, pareciam ter entrado no teatro com a mesma roupa que vieram do metrô, e o enfoque racial e identitário se revelava a todo momento, nos closes e na falas, chegando ao ponto de um integrante do coro gritar “Palestina livre”.
Autoria de Josias Teófilo da Crusoé; "Um palco para a enganação. Theatro Municipal de São Paulo engana o público com dinheiro público". Publicado em 07.10.2024 no operaeballet.blogspot.com.br
Mais adiante há observações de relevo com respeito à produção da ópera Nabucco recentemente apresentadea no Theatro Municipal; vejamos a seguir:
"Sem dúvida, a coisa mais horrível que ví no palco do Municipal neste ano. Minha sensação foi a de ver pessoas enlouquecidas correndo de um lado para o outro, luzes que queimavam a retina de quem estava próximo na platéia ou nos balcões e foyer do teatro, uma pobreza cenográfica e cara, afinal aquele laguinho nocentro do palco, não deve ter sido simples de fazer e não agregou nada.
A diretora Jatahy se disse cheia de conceitos e fui procurar entender; mas mesmo explicando fica difícil de engolir, imagine sem explicar. Tenho comigo, que se precisa explicar muito, é porquê não está bom. Destaque positivo para a orquestra e coro lírico municipal que garantiram bons momentos, em que somente de olhos fechados, foi possível suportar o {espetáculo}" Escrito por Ricardo Marcel; em comentários na Revista Concerto, em 06.10.2024
Nabuccadas a seguir:
Os jovens que foram assistir a essa ópera além de não entenderem nada nunca mais voltarão.
Nabuccada VIII - Pelo andar da modinha nutela em breve os solistas soltarão flatulências no palco e os moderninhos vão aplaudir como se fosse a genialidade de um Zeffirelli.
Nabuccada IX - Inventaram um interlúdio final composto por Antonino Fogliani decepando a cena final original da ópera.
Nabuccada X - Primeira vez que ouço ópera com gravação em alguns trechos.
Nabuccada XI - Como sempre fazemos produções novas ao invés da guardar e reativar as antigas para reduzir custos como fazem todos os teatros do mundo. Somos "muito ricos" e por isso não precisamos de um acervo de óperas. Um Nabucco em 2017 e outro diferente em 2024 é como jabuticaba, só tem no Brasil.
- O Coro Lírico sob comando de Érika Hindrikson foi o destaque apesar de quase sempre estar separado. Tirou leite de Pedra.
Autoria de Ali Hassan Ayache, em 03.10.2024 (Opera&Ballet)
O tenor Enrique Bravo enalteceu o elenco principal nas vestes de Ismaelle
Saí do Municipal com uma pergunta na cabeça: por que Marigona Querkezi não cantou no elenco de estreia? Essa e outras perguntas semelhantes foram feitas ao longo de 2024 pelo público instruído que frequenta a casa. Eu não vi, mas conheço quem jure que o barítono Bongani J Kubheka, que interpretou Escamillo em Carmen, também deveria ter integrado o elenco de estreia da produção apresentada em maio.
Já passou da hora de o Theatro Municipal de São Paulo parar de errar nas escalações de elenco. Já está se tornando constrangedor para a casa sempre divulgar a sua programação com elenco “a definir”: tal prática dá a entender que os cantores, tão importantes para a ópera, são apenas “um detalhe” para o TMSP." ( palavras de Leonardo Marques, em10.10.2024. (notasmusicais)
O soprano Marigona Qerkezi, a Abigaille do elenco alternativo
Pois bem, conclui-se que nesta produção de "Nabucco", nunca se viu algo pior em termos de produções, fossem nacionais ou internacionais. A ópera mestra e das mais importantes da história da ópera italiana, na trajetória incomparável do mestre Giuseppe Verdi, que se impôs, já a partir dos concertatos finais dos Atos I e II; como compositor lírico em sua primeira etapa no cenário operístico da Itália, em 1842, quando de sua estreia no Teatro alla Scala, de Milão, que também efetivou-se através de outras encenações aqui em São Paulo, no Rio de Janeiro, em seus Teatros Municipais, no Theatro da Paz em Belém do Pará ou no Palácio das Artes de Belo Horizonte
Citem-se aqui por exemplo; a vinda do Teatro San Carlo de Napoles, em excursão pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e após, ao nosso Teatro Municipal, em São Paulo, numa produção que ficou na memória, de todos aqueles que tiveram o privilégio de assistí-lo, em setembro de 1969. Os maiores intérpretes da época, nos visitaram, com estrondoso sucesso.
Sala de espetáculos do Teatro San Carlo di Napoli
Após viu-se no Rio de Janeiro, em 1982 a produção espetacular de "Nabucco" sob a direção musical de Romano Gandolfi, com a grandiosidade cênica de Paolo Bregni e um elenco estelar com Matteo Manuguerra, e Fernando Teixeira (elenco em alternância); o soprano brasileiro Áurea Gomes como Abigaille, espetáculo este, reposto em cena em 1984, desta vez, com o barítono Mauro Augustini e novamente Fernando Teixeira com Áurea Gomes, Eduardo Alvares, Michael Burt, Joy Davidson, sob a batuta do competentíssimo Anton Guadagno.
E em São Paulo, pudemos conferir a produção de Cleber Papa, em 2017 com elenco inteiramente nacional. Há paralelamente uma série de DVDs de vários teatros com produções de Nabucco, para se comparar e nos referenciarmos com a qualidade ora apresentada.
Alberto Gazale como Nabucco
Os cortes das cenas e da instrumentação na orquestra:
Várias as passagens simplesmente mutiladas na ópera; como a cena em que Zaccaria estabelece a sua aliança ao final da ópera, aqui cortada (Zaccaria e Nabucco) "Servendo a Jeovha, sarai de'regi il re".
Outra passagem importante é o início da terceira parte: "È l'Assiria una regina" um coro jubiloso, e na sequência, decide cortar todo o trecho inicial da primeira parte do terceiro ato, da qual resta apenas o dueto entre Nabucco e Abigaille "Donna, chi sei?". Desta forma, consequentemente, o público não é informado que o decreto da morte de Fenena foi sugerido a Abigaille pelo líder religioso da Babilônia. Mais ainda, o maestro regente, apresentou a orquestra com apenas uma harpa, considerando-se que na partitura de Verdi, são apontadas duas harpas, como procede em todas as interpretações no mundo. Ainda no Ato I, não somente a exclusão da harpa, passou totalmente desapercebido por muitos espectadores e até a alguns da crítica especializada, que pela primeira vez, na história do Teatro Municipal, as intervenções da Banda Sul Palco, e repetidas nos subsequentes Atos desta ópera, foram projetadas com uma "Gravação"; não havia uma Banda na coxia, como deveria acontecer. Aí estampada uma grande economia para a Sustenidos Organização Social de Cultura (???), ao deixar de contratar músicos extras para a composição dessa Banda.
Da mesma forma a mencionada Sustenidos, não faz a mínima questão em recuperar o grandioso órgão Tamburini, de tubos e com som de Catedral, instalado no Municipal, em 1969, órgão este que foi também excluído na execução do Quadro II da Parte III desta produção de Nabucco. A propósito o Tamburini já está, há oito (8) anos, (2017-2024) sem utilização em diversas óperas, sinfonias ou recitais desse secular instrumento, cujo descaso recai, sobretudo ao maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e da Sustenidos Organização Social de Cultura.
Um crime este órgão de tubos sucateado, que hoje somente ornamenta a sala de espetáculos do Theatro Municipal, considerando-se que a população de São Paulo, pagou muito caro pela sua reforma, há anos atrás. Quanta enganação.
E a ópera não teve o seu final original, trocado pelo interlúdio composto por Antonino Fogliani que decepou a ópera.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 10/10/2024
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB / SP
Nada como alguém, mestre em espetáculos operisticos, nos apresente crítica tão retumbante e alicerçada em fatos, para esclarecer os menos entendidos de que há necessidade de se observar certa logística para se obter um resultado coerente com a obra que o compositor concebeu e que a mesma não seja aviltada.
ResponderExcluirPlinio Jovem Ribeiro disse: Li tudo e gostei muito. Seu conhecimento permite uma avaliação equilibrada e tão imparcial quanto possível. Elogiou o Coro Lírico e espinafrou tudo que merecia ser espinafrado. Os comentários foram praticamente unânimes em considerar que o espetáculo foi "meia-boca", que é uma característica lamentável em nosso país. Os "consumidores" acompanharam você no incômodo que essa montagem causou em quem tem um mínimo de conhecimento sobre o mundo das óperas. Assim, os incomodados com a sua análise estão no contexto do palco e não do público. A grande pergunta que fica é a seguinte: "Os responsáveis pela montagem serão capazes de se apropriar do fato que quem entende do assunto achou o espetáculo de "Nabucco" aquém do nível que Verdi merece?".
ResponderExcluirDavi Fernandes, 12 de outubro de 2024 às 16:06
ResponderExcluirCrítica excelente e necessária. Comento a partir do meu ponto de vista modesto, de um jovem no começo dos seus 20 que viu pouquíssimas óperas na vida, e se decepcionou com a falha desta montagem em entregar tudo aquilo que uma ópera se propõe: arrebatamento artístico, escapismo, deslumbre musical, complexidade psicológica, atuações cativantes, auto-reflexão etc. Senti que o ar moderno do figurino, das interpretações, do cenário e do jogo de câmeras pulverizou quase completamente cada uma dessas propostas. Curioso pensar que a poderosa mensagem inicial do libreto foi transmitida séculos atrás num contexto delicado sem adaptações cênicas que dilacerassem e se disanciassem da temática original – e, ainda assim, sendo capaz de gerar uma comoção histórica que reverbera na Itália até hoje. Já com o que foi feito nesta releitura, na busca por um link da história aos tempos caóticos atuais, nem se consegue transmitir a história nem tampouco alguma reflexão hodierna, já que o telespectador se perde num limbo de elementos distrativos, desconexos e cacofônicos. Que as próximas montagens acertem como Madame Butterfly e Bluebeard's Castle acertaram neste ano no Theatro, que minimamente se alçaram como bons veículos de transgressão simplesmente por serem boas mensagens reconstruídas. Difícil seria se tivéssemos que nos acostumar a nos surpreender com o mínimo razoável bem feito...
Como integrante do Coral Lirico Municipal do TMSP, gostaria de frisar que o grito "Palestina Livre" não foi proferido por nenhum integrante do Coral! Essa manifestação surgiu da plateia! Quanto a reforma do Grande Órgão Tamburibi, essa foi totalmente patrocinada pelo Banco de Boston! Que fique bem claro! Obrigado!
ResponderExcluirEnquanto a orquestra do Theatro Municipal OSM tem alguns de seus músicos tocando na Osesp e na OSB no Rio de Janeiro, tem mesmo que usar gravações. A ópera teve que usar GRAVAÇÃO da banda Sul Palco, pois não se pode incomodar os artistas da casa que estão atuando em outros lugares…
ResponderExcluirDe onde você tirou essa informação que músico da OSM toca na OSESP e no RJ?
ExcluirÉ pura má-fé e desinformação.
Não tem vergonha de postar uma mentira dessas?
Cite as fontes, as provas…
A pior encenação que já vi em meus 60 anos de óperas....Feliz por ter saído no intervalo e ido jantar,pq com fome e numa encenação ridícula,é difícil de aguentar.....cantores péssimos, tirando os brasileiros!!!!
ResponderExcluirSe você não acompanha a programação das 2 orquestras e não observou , então veja os vídeos da OSESP na últimas semanas, inclusive no período da ópera Nabuco e verás alguns músicos da orquestra do Municipal de São Paulo fazendo cachês na Sala São Paulo, alguns com maior frequência. Havia alguns músicos da OSM na última turnê da OSESP !! (Será que estavam licenciados ou em revezamento, já que são contratados por CLT !!!) . MÚSICOS da Sinfônica Municipal estavam nessa viagem da OSESP à Europa. Quanto a OSB, fique sabendo que 2 músicos da orquestra MUNICIPAL de São Paulo acumulam já por alguns anos as vagas de trombonista nas duas orquestras, além de outros músicos ( trompas) que fazem cachês no RJ esporadicamente. VEJA NOS PROGRAMAS DE CONCERTO , COMPARE OS NOMES DOS MÚSICOS!! Má fé é a maneira como você ainda questiona os fatos REAIS e RECENTES!
ResponderExcluirO Grande Órgão de Tubos, G. Tamburini, do Theatro Municipal de São Paulo, foi inteiramente reformado no final dos anos 1990. Não sei dizer qual o profissional responsável, não localizei o nome do organeiro que deu nova vida ao órgão do TMSP. O trabalho teve o patrocínio do banco alemão, Deutsche Bank / PATRONOS DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO e teve sua reinauguração com um concerto comemorativo, com a direção do maestro Samuel Kerr, provavelmente em 1998 ou 99, tendo o solistas alemão, Martin Sander (Berlim 1963) acompanhado por músicos da orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
ResponderExcluirUma enorme tristeza ver esse instrumento sucateado ao longo dos anos, falta de interesse, falta de manutenção, falta de respeito com o patrimônio cultural, público e municipal.
Ao longo da última década, quando a partitura original exigiu o uso de um órgão de tubos, o Theatro Municipal sempre alugou um instrumento eletrônico, provavelmente da marca Holand. Ao que parece, dessa vez não houve nenhum interesse por parte do maestro, nem da administração, em usar um órgão na ópera Nabuco. É riquíssima a música de concerto de um instrumento como o Grande G.Tamburini, mas não se tem interesse em fazer divulgação desse tipo de cultura pela direção do Theatro Municipal. No dia do último aniversário do municipal, o telejornal local da Globo entrevistou a pessoa responsável pelo setor de educação, que disse que " aqui ainda fazemos algumas óperas". Talvez seja essa a intenção e em breve a ópera no Municipal terá o mesmo destino do grande órgão, o sucateamento e o esquecimento.
Marco Antônio Seta disse: Triste, malfadado, transviado e tenebroso destino da Ópera do Theatro Municipal em São Paulo.
ResponderExcluirNunca mais esse Nabucco em nosso Theatro Municipal de São Paulo!
ResponderExcluirA pior produção já vista em São Paulo.