A DANÇA SOB UMA ESTÉTICA GESTUAL INOVADORA E A INTRODUÇÃO DA DIREÇÃO DE MOVIMENTO NOS PALCOS : O INESTIMÁVEL LEGADO DE ANGEL VIANNA (1928/2024)


“A dança é a arte, a forma de existir, a forma de ser e de viver que possibilita, como nenhuma outra, essa entrega”, uma reflexão de Angel Vianna que caracteriza sua pulsão criativa, de toda uma vida, pelo ato criador coreográfico .
Assim, ela já se destacava, em seus anos mineiros ao lado do partner de vida e de arte Klauss Vianna, como uma das integrantes da Geração Complemento que reunia gente de dança, teatro, literatura e artes plásticas, num envolvente fluxo de experiências inventivas.
De Belo Horizonte, onde o casal Vianna deixou sua postura libertária por uma dança de olhar contemporâneo, Klauss e Angel seguem para Salvador desenvolvendo, ali, arrojados experimentos a caminho de um pensar coreográfico aberto a outras linguagens artísticas.
Chegando, finalmente, ao Rio em época controvertida dos anos iniciais da ditadura militar. Aqui, começaria sua trajetória de mais de meio século, revelando-se, de modo ímpar, num procedimento inédito de aproximação do teatro com o que se titulou, inicialmente, de preparação corporal do ator.
Este uso do corpo como forma de comunicação, seja na dança, seja no teatro ou no próprio comportamento cotidiano, fez de Angel uma ilustre continuadora das teses filosóficas desenvolvidas, então, pelo escritor francês Roger Garaudy em torno da “dança como um modo de viver”.
E numa visível expertise, na concepção do dançar como um descortino das verdades interiores pelo uso quase laboratorial e de auto conhecimento corporal, tornando-se um signo comportamental e estético de seu trabalho.
Wagner Corrêa de Araújo

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