O REI DO ROCK : SOB ENVOLVENTE INCURSÃO DRAMATÚRGICA, A ASCENSÃO E QUEDA DE UM ÍCONE MUSICAL CRÍTICA DE WAGNER CORRÊA DE ARAÚJO NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.





O Rei do Rock - O Musical. Beto Sargentelli/Dramaturgia Concepcional. João Fonseca/Direção. Dezembro/2024. Stephan Solo/Fotos.


Embora a rápida ascensão ao êxito tenha se encaminhado para um controvertido epílogo aos 42 anos, na história daquele que foi titulado como impulsionador de um gênero musical - o rock - de exponencial apelo popular, o legado de Elvis Presley continua vivo meio século depois.

E foi a partir desta narrativa dramatúrgico-musical  que o seu idealizador, autor e protagonista titular - Beto Sargentelli - alcançou um absoluto sucesso de público e o aplauso da crítica desde a sua estreia paulista, seguida por inúmeras indicações a prêmios teatrais.

Chegando, agora, a vez do público e dos palcos cariocas, ao privilégio de conhecerem de perto esta bem sucedida produção  - O Rei do Rock - O Musical. Reunindo, em dimensionamento super apurado, desde sua direção artesanal por João Fonseca, a um elenco afinado no traçado presencial de personagens marcantes.

Onde além do brilho imprimido por Beto Sargentelli ao papel de Elvis, não fica atrás especialmente a atuação de Stella Maria Rodrigues como Gladys Presley, uma mãe de fé obsessiva na carreira do filho, ao lado de Stepan Nercessian encarnando o empresário ambicioso - Coronel Tom Parker - que levou Elvis às alturas concorrendo, ao mesmo tempo, para a dramática crise no ocaso dos últimos anos.  





O Rei do Rock- O Musical. Com Nathalia Serra, Beto Sargentelli, Bel Moreira. Dezembro/2024. Stephan Solo/Fotos. 


Enquanto Stella Maria Rodrigues assume tons emotivos tanto em suas intervenções verbais como na sua expressiva vocalização de temas que a caracterizam, Stepan Nercessian destila um humor irônico no entremeio da malandrice de suas atitudes como promoter interesseiro do roqueiro.

Mas também vale ressaltar a adequação convicta, entre outros atores/cantores, a personagens tais como os de Bel Moreira (Priscilla Presley), Danilo Moura (B.B. King) e Tati Christine (Sister Rosetta Tharpe), integrando um extenso cast, ora mais protagonista ora mais coadjuvante, com boas e coesivas atuações.

Numa cenografia (Giorgia Massetan) despojada mas de plasticidade funcional, incluído um quase atemporal sotaque indumentário (Fábio Namatame), sob teor bastante identitário na figuração de Elvis. Sempre ampliada nos habituais efeitos luminares de Paulo Cesar Medeiros, para o alcance dos propósitos de um espaço cênico preenchido por falas teatrais, dança e muita musicalidade.

Priorizando um repertório de algumas das canções antológicas como Love Me Tender, Suspicious MindBurning Love, entre as que referenciam desde a base formadora, do country e do blues, direcionando-se sequencialmente aos acordes composicionais daquela que seria a marca estética  sinalizadora do Rock N’Roll.

Para isto, há um potencial empenho de Thiago Gimenes na direção musical conectando o energizado ritmo à correspondente corporeidade gestual pelas coreografias de Keila Bueno. E que acabam por contagiar palco/plateia nas interações físicas de Beto Sargentelli com entusiasmadas espectadoras.

Este, partindo de uma pesquisa exemplar, com visitas a Memphis e outros locais norte-americanos que vivenciaram a jornada criativa de Elvis Presley e também os seus dramas pessoais, dos 18 aos 42 anos. Tudo, enfim, para concretizar um tributo ao pai Roberto Sargentelli, profundo conhecedor do cancioneiro de Elvis, influindo na decisiva vontade de realizar este espetáculo.

Na dúplice intenção concepcional - performática de Beto Sargentelli, já bem reconhecido neste gênero dramatúrgico/musical e, aqui, tanto na função autoral como no ofício de ator protagonista, sendo favorecido pela sua transmutação ao vivo e a cores num singular sugestionamento do próprio Elvis.

O que nesta representação de O Rei do Rock - O Musical, em mais um dos acertos do comando direcional de João Fonseca, só poderia resultar num dos mais surpreendentes espetáculos musicais da temporada teatral 2024...


                                      Wagner Corrêa de Araújo




 O Rei do Rock – O Musical está em cartaz no Teatro João Caetano/Centro/RJ,  sexta às 19h; sábado e domingo, às 17h; com previsão de sessões extras, até o dia 08 de dezembro.



Comentários

Postagens mais visitadas