AS MELHORES GRAVAÇÕES DE "A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA", OBRA PRIMA DE STRAVINSKY. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Dito isto pois existe um equívoco em considerar Stravinsky um inovador em questão de ritmo e por outro lado Schoenberg o revolucionário da harmonia, o que é uma simplificação. Incompreensão essa afeta a maioria das interpretações dessa obra prima, até as melhores, como veremos na resenha a seguir
Pierre Boulez se vendia como intérprete de referência dessa peça, mas creio que Igor Markevich é quem merece essa fama. Sua gravação de 1959 com a Philharmonia é extraordinária para uma época em que poucas orquestras e maestros conseguiam enfrentar essa partitura. Outra gravação tardia com a Filarmônica do Japão em 1980, ao vivo, é quase tão boa quanto.
Da mesma época é a gravação de Leonard Bernstein em New York, muito melhor esse registro de 1958 que seus discos de 1972 com a Sinfônica de Londres e o de 1982 em Israel.
Outra gravação antiga que estabeleceu padrões de qualidade foi a versão ao vivo de Jean Martinon gravada no Théâtre de Champs Élysées de Paris, local de estréia desse balé em 1913. Inacreditável resultado em se tratando de um registro ao vivo de 1956!
Lorin Maazel realizou ao mesmo tempo uma das piores versões da peça, no estilo da primeira versão em legato de Karajan em Berlim, com a Filarmônica de Viena, bem como deixou interpretações mais interessantes com a orquestra da Rádio Francesa, Cleveland e Rádio Baviera.
A maioria das interpretações de referência mesmo assim não dão o mesmo destaque à harmonia do que ao ritmo. Falo de Salonen com a Philharmonia, Neeme Jarvi com a Suisse Romande ou subestimado Andrew Litton em Bergen. Talvez isso se deve pois enfatizar o colorido instrumental e harmônico da peça pode resultar em versões um pouco estranhas como a de Gergiev e Kirov ou a de Tilson Thomas em Boston. Seiji Ozawa em Chicago, Riccardo Chailly em Cleveland e Zubin Mehta em Los Angeles parecem entender corretamente a derivação da peça do estilo orquestral de Korsakov, como parece ser o caso de Gergiev em sua versão não tão bem sucedida.
Maestros que parecem mais interessados em esclarecer para o ouvinte os materiais que vão se atropelando um em cima do outro ao longo da peça, numa espécie de engavetamento musical, são Myung Whun Chung, Kent Nagano e Eduardo Mata, o primeiro em sua gravação parisiense do trabalho, os outros dois respectivamente com a Filarmônica e a Sinfônica de Londres. Com eles ouvimos muito mais da partitura que em outras versões. Mata, que realizou outra versão não tão boa de Le Sacre em Dallas, dá muita atenção à introdução, fraseando com sensualidade as melodias ornamentadas e construindo um belo clímax na altura da entrada do trompete, como deve ser. Esse é o trecho mais interessante musicalmente da peça depois do final, mas muitas intepretações passam batido por essa parte, ex Litton, estão mais interessados nas passagens mais barulhentas e excitantes a seguir do que no acúmulo de material musical da abertura, praticamente uma pequena síntese do que é a Sagração.
Isaac Carneiro Victal
não ouço as gravações mais antigas, por serem mal gravadas em geral.
ResponderExcluirdas mais recentes, a que mais gosto é Gergiev/Kirov, uma interpretação brutal, mais "russa". Selvagem e sensual, tudo a ver com a peça.
Berlim/Rattle tambem é ótima, colorida e com belas texturas,... mas sem a "selvageria" que alguns trechos pedem.
Falso, vou até escrever um artigo sobre isso, algumas das melhores gravações clássicas já feitas foram realizadas 70 anos atrás por selos como RCA Living Stereo, EMI e Decca, o crítico David Hurwitz inclusive fez um vídeo afirmando exatamente o contrário de vc. Isaac Carneiro Victal.
ExcluirComentário de Michel Scheir no Facebook:
ResponderExcluirEm vídeo, uma das gravações que mais me impressionou, foi a do centenário da obra (2013) em Paris, regência de Gergiev, com coreografia, cenários e figurinos semelhantes ao original. Em relação às gravações citadas na crítica, pesquisarei para conhecê-las.
Ricardo da Mata
ResponderExcluirNão é uma obra-prima, é só uma peça bárbara e sem estilo, música de solavanco. Arte é forma e conteúdo, essa peça não tem nenhuma das duas coisas. Se é famosa, se faz parte do repertório é irrelevante. Crítica é a análise das obras em si.
Resposta de Luis Gil Melo ao comentário de Ricardo da Mata:
ResponderExcluirNão é uma obra-prima? Acaso o dia-a-dia das ruas das nossas cidades e da nossa vida tem algum coisa a ver com a serenidade da vida do sec XVII e XIX. São ruídos, os mais diversos: comboios, aviões, carros, matraquear de máquinas. Seria absurdo no sec XX compor algo que se parecesse com obras do passado que nos continuam a encantar e que são objeto de estudo.
É uma obra que revolucionou ritmo e harmonia como citado no artigo de uma forma que nunca foi feita antes! Isaac Carneiro Victal
ExcluirÉ uma obra que revolucionou ritmo e harmonia como citado no artigo de uma forma que nunca foi feita antes! Isaac Carneiro Victal
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