ESTÃO FALTANDO REGENTES DE CORO NO BRASIL? HÉRNAN SÁNCHES É O NOVO REGENTE TITULAR DO CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SP.
Argentino estreia à frente do conjunto preparando-o para a remontagem da ópera “O Guarani”.
Em janeiro deste ano, o maestro Hernán Sánchez Arteaga assumiu o cargo de regente títular do Coro Lírico Municipal, corpo artístico do Theatro Municipal de São Paulo. Natural de Buenos Aires, Arteaga se formou no Conservatório Alberto Ginastera, em Morón, onde se especializou em canto, guitarra e regência coral. Lá, teve como orientadores Roberto Saccente, Antonio Russo, Werner Pfaff e Néstor Zadoff. Também estudou canto no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón e, após a sua formação, integrou como tenor os coros estáveis do Teatro Argentino de la Plata, Nacional de Jovens e do Teatro Colón.
“Eu comecei primeiro estudando música folclórica Argentina e, depois, queria estudar formalmente, então fui ao conservatório para estudar violão. A princípio, já me interessava muito a música coral, ainda que não conhecesse muito. Comecei a cantar como tenor nos coros, em seguida virei assistente e comecei a estudar canto lírico como reforço. Depois disso comecei a ensinar outros coros, como o do Cólon”, relembra.
Depois ser convidado em 2019, 2020 e 2022 pela Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, de Belo Horizonte, para preparar óperas sinfônico-corais e música a cappella, e ter dirigido o Coral Lírico de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, agora assume a regência titular do Coro Lírico do Theatro Municipal.
“Eu vim para o Brasil através do meu trabalho à frente do Coro Lírico de Minas Gerais. Foi através de Silvio Viegas, que era um regente orquestral que conheceu meu trabalho na Argentina, e me convidou para fazer essa experiência. Eu gostei muito da experiência em Minas, era um grupo de repertório muito eclético”, pontua.
Ao tratar do Coro Lírico do Theatro Municipal, o maestro ressalta que é um coro bem formado, com vozes sólidas e com um temperamento essencial para traduzir as ações físicas e a música ao mesmo tempo. A escolha do regente se deu pela Organização Social que comanda o teatro. A Comissão representativa do Coro Lírico não faz a escolha. A OS gestora e a Fundação Theatro Municipal escolhem a partir de uma lista tríplice elaborada pelo Coro. Seus primeiros ensaios já foram marcados pela energia, competência e bom humor.
A estreia de Hernán Sánchez será com a ópera O Guarani, de Carlos Gomes:
“A experiência de ópera é sempre uma experiência complexa. É sempre um grande desafio criar um coro operístico, porque ele tem características que nem sempre existem no coro ‘a capella’ ou no coro orquestral. Há uma movimentação e ações físicas. O coro é personagem. Então criar e aprender a música é muito pouco para um coro de ópera”, explica.
Em seu trabalho no Municipal, o maestro espera criar um grupo ativo e protagonista das produções. “Minha expectativa é chegar num ponto em que o Coro Lírico possa levar para todo o Theatro todo o mundo criativo que estamos construindo. Minha expectativa está também em não saber como tudo vai se desenrolar neste processo, como estamos vendo com ‘O Guarani’, de um Coro não como complemento, mas como protagonista das óperas”, finaliza.
Hernán Sánchez Arteaga substitui Érica Hindrikson, que ocupou interinamente a regência do Coro Lírico Municipal ao longo da temporada 2024.
Fonte parcial : https://notasmusicais.com/hernan-sanchez-e-o-novo-regente-titular-do-coro-lirico-municipal/
Há algumas décadas vivemos não uma escassez de regentes corais, mas de regentes com boa formação e com trabalhos consistentes. Mas essa é outra discussão. Não creio que a contratação do maestro Hernán se deu pela razão que mencionei, mas apenas e tão somente por uma escolha da administração após uma consulta ao Coral Lírico.
ResponderExcluirFaltam regentes corais que possuam um conhecimento aprofundado sobre a voz e saibam trabalhá-la adequadamente. Infelizmente, no Brasil, é comum encontrarmos maestros e maestras que escolhem repertórios inadequados para as vozes que têm à disposição, que demonstram pouco entendimento sobre fisiologia vocal e que possuem concepções equivocadas sobre a saúde vocal, entre outras falhas preocupantes.
ResponderExcluirO trabalho do Maestro Hernan se destaca justamente por sua compreensão essencial desses aspectos, algo que deveria ser um requisito básico para qualquer regente que trabalhe com canto coral, e não apenas com a precisão de notas e ritmos. A sua abordagem, que inclui cantar à frente do coro e dar aulas de canto, contribui significativamente para a excelência dos resultados, além de experiencias anteriores como cantor solista e de coro. Certamente, ainda ouviremos muito sobre ele e sobre o impacto de seu trabalho. O TMSP fez uma escolha absolutamente acertada ao convidá-lo.
Já trabalhei com o maestro no CLMG, e a experiência foi incrível. Ele é um profissional de altíssimo nível, capaz de resolver questões técnicas de uma forma que nunca vi em nenhum outro maestro ao redor do mundo. Ele costuma memorizar os trechos que vai ensaiar e os executa ao piano de cabeça.
ResponderExcluirAlém disso, conduz o aquecimento vocal do coro sempre com um olhar pedagógico, moldando o som que busca. Consegue extrair uma sonoridade expressiva de um coro operístico e tem a impressionante habilidade de reger Bach com um coro de ópera, controlando o vibrato até mesmo em vozes maduras.
No aspecto pessoal, é uma pessoa extraordinária, sempre de alto astral e que sabe equilibrar muito bem o profissional e o pessoal. Já ouvi algumas vezes que ele é o melhor maestro coral do mundo, e tendo a acreditar nisso—o cara é realmente excepcional. Vamos ter o privilégio de ouvir o melhor coro de ópera do Brasil sob a batuta do melhor maestro da atualidade!
A máfia da música paulistana sempre dando seu jeitinho. Inacreditável, tantos regentes nacionais de alto nível e sem processo seletivo comunicam no "NOVO REGENTE".
ResponderExcluirIsso que é transparência. Esse país já era faz tempo.
Requiescant in pace conductores choralis Brasiliensis.
Já que se discute sobre a contratação do maestro para o Coral Lírico, o que dizer da regente titular do Coral Paulistano, colocada lá como assistente pela sua antecessora, sem nenhuma experiência relevante e com pouco conhecimento musical? As escolhas se fazem duvidosas não apenas pela administração mas também é evidente um certo corporativismo complacente dos grupos artísticos que não se movem apenas pela qualidade musical.
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