JULHO NO THEATRO MUNICIPAL DE SP.


 No mês de julho, além da premiação dos vencedores do Concurso Joaquina Lapinha, dedicado a cantores pretos, pardos e indígenas, acontece a estreia da double bill (dobradinha) lírica com dois grandes nomes da ópera: Giacomo Puccini e Richard Strauss. Com Le Villi (As Willis), primeira ópera de Puccini, e Friedenstag (Dia de Paz), apresentada pela primeira vez na América Latina.

A apresentação da dobradinha começará com Le Villi, ópera inspirada em lendas eslavas sobre espíritos vingativos de jovens traídas no amor. Estreada em 1884, carrega influências do estilo composicional de Amilcare Ponchielli, mestre de Puccini, trazendo uma atmosfera quase mística, distinta das obras seguintes do compositor. A trama é praticamente a mesma do famoso balé Giselle, de Adolphe Adam: uma jovem de coração partido transforma-se em uma criatura sobrenatural que se vinga do seu amante infiel, forçando-o a dançar até a morte. Embora não tenha sido bem recebida no Concurso Sonzogno, para o qual foi composta, a ópera foi aclamada por críticos que viram em Puccini uma promessa para a ópera italiana.

Após o intervalo, a ação retornará com a segunda ópera da noite, Friedenstag, que foi composta por Strauss em 1938, com libreto de Joseph Gregor. Ambientada em uma fortaleza no sul da Alemanha, ao final da Guerra dos Trinta Anos, a ópera explora temas de esperança e reconciliação. O comandante da fortaleza, em um momento de desesperança, redescobre o valor da paz quando as tropas inimigas cercam o seu território. A obra é um reflexo dos tempos conturbados da ascensão do nacionalismo e do militarismo na Europa, oferecendo uma poderosa mensagem pacifista.

As apresentações acontecem nos dias 19 (sábado) e 20 (domingo), às 17h; e ainda nos dias 22 (terça-feira), 23 (quarta) e 25 (sexta), às 20h; com a temporada se encerrando nos dias 26 (sábado) e 27 (domingo), às 17h. Os ingressos custam de R$ 33 a R$ 210, a classificação é livre, e a duração prevista é de 170 minutos, com intervalo.

Ambas as óperas têm direção musical de Priscila Bomfim e direção cênica de André Heller-Lopes. A cenografia leva a assinatura de Bia Junqueira, o design de luz é de Fábio Retti, os figurinos são de Laura Françozo e a assistência de direção cênica é de Ana Vanessa. O Coro Lírico Municipal, sob a regência de Hernán Sánchez Arteaga, participa da produção dupla.

Em Le Villi, nos dias 19, 22, 25 e 27 de julho, os papéis principais serão interpretados por Rodrigo Esteves (Guglielmo), Gabriella Pace (Anna) e Eric Herrero (Roberto). Já nos dias 20, 23 e 26 de julho, o elenco traz Johnny França (Guglielmo), Daniela Tabernig (Anna) e Marcello Vannucci (Roberto).

Já em Friedenstag, o espetáculo conta, nos dias 19, 22, 25 e 27 de julho, com Leonardo Neiva (Comandante), Eiko Senda (Maria) e Eric Herrero (um Piemontese). Nos dias 20, 23 e 26 de julho, os papéis são assumidos por Rodrigo Esteves (Comandante), Daniela Tabernig (Maria) e Marcello Vannucci (um Piemontese).

Dedicado a solistas pretos, pardos e indígenas, no dia 31, quinta-feira, às 20h, acontece na Sala de Espetáculos um concerto com os vencedores da 4ª edição do Concurso Joaquina Lapinha, com a Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência de Priscila Bomfim. Os selecionados das primeiras posições nas categorias Voz Feminina e Voz Masculina foram, respectivamente, Lívia Berrêdo e Mikael Coutinho. Em segundo lugar nas mesmas categorias, Elisa Braga e Carlos Eduardo Santos. Na categoria Jovem Solista, o vencedor foi João Campello.

O repertório do concerto terá a Abertura e a ária Ecco ridente in cielo, da ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini; Kuda, kuda vï udalilis, da ópera Ievguêni Oniéguin, de Piotr Ilitch Tchaikovski; Měsíčku na nebi hlubokém (“Canção da Lua”), da ópera Rusalka, de Antonín Dvořák; dentre outras peças. Os ingressos são gratuitos, com reserva antecipada no site a ser disponibilizada a partir de 29/07, às 12h, com limite de dois ingressos por pessoa. Também haverá distribuição de parte dos ingressos no local, a partir das 18h, no dia do evento. A classificação é livre, e a duração prevista, de 70 minutos.

O nome do concurso homenageia a primeira atriz e cantora lírica brasileira negra a ganhar destaque internacional, Joaquina Maria da Conceição Lapa – a Joaquina Lapinha –, considerada uma referência feminina na cena lírica e uma das primeiras mulheres a receber autorização para participar de espetáculos públicos em Portugal. Os nomes dos prêmios concedidos aos vencedores do concurso reafirmam o brilho e a persistência de alguns dos artistas que ultrapassaram barreiras de preconceito e elitismo.


Foto: Rafael Salvador.

Fonte: https://notasmusicais.com/julho-no-theatro-municipal-de-sao-paulo/

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