"MACBETH" MAMBEMBE NO THEATRO MUNICIPAL DE SP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   


  Não basta apenas deturpar as produções operísticas do Theatro Municipal de São Paulo como se tem feito ultimamente. A moda agora é paralisar tudo para exibir um vídeo, com a desculpa esfarrapada de pausa para troca de cenários, onde o soprano lê um trecho da obra que não está no libreto. É caro leitor, isso aconteceu na ópera "Macbeth" de Verdi.

  A diretora Elisa Ohtake não satisfeita com uma pausa faz outra quebrando toda a sequencia dramática. Dessa vez é o tenor que sai do teatro para comprar uma pipoca. Com isso chegamos ao ridículo atroz, a dispersão do enredo e ao fim da picada. Os cenários da própria diretora são dignos de teatro mambembe, escuros e sem nexo, vão do nada a lugar nenhum. 

 Utiliza soluções que viraram clichê no palco do Municipal, mais uma vez filmagem ao vivo e solistas andando pelos corredores. A criatividade passa longe dessa turma que diz querer modernizar a ópera, acabam deturpando. Inventaram uma nova função, preparação corporal.

  Tudo abstrato levando falhas dramáticas graves. Detergente em cena como símbolo de purificação, "genial" essa ideia. Poltronas infláveis andam com escorpiões e cobras feitos por estagiários tamanho o ridículo das cenas. 

  As vaias são um direito de quem compra ingresso e se manifestaram na estreia em cena aberta e para a diretora, sinal que publico está cansado das bobagens apresentadas a exaustão. 

   Aceito uma ou outra ópera com leitura de vanguarda em um teatro que apresente vinte óperas por ano em seu repertório. Não aceito que todos os títulos tenham diretores que não entendem nada ou nunca sequer dirigiram uma ópera fazerem o que bem entendem. Isso acontece no maior palco de São Paulo, somente este que vos escreve e outros colegas críticos reclamam.    

O que impressiona é que um diretor domina todos. Ninguém do teatro se revolta, reclama publicamente das alucinações impostas, em off reclamam e muito. Todos obedecem, nunca vi regente, corista, músico ou bailarino colocar a boca no trombone. Aceitam tudo sem levantar um único questionamento. 

"O teatro sempre está lotado", essa justificativa é esfarrapada. São tão poucos títulos operísticos apresentados que o teatro vende todos os ingressos pela escassez. Casa cheia não é sinônimo de qualidade.

O que salva são os verdadeiros artistas. Os dois grupos de solistas  estão em excelente nível, o Coro lírico Municipal soberbo, a Orquestra Sinfônica Municipal deu conta do recado. 

Imagina o que farão com a ópera "Tristão e Isolda" programada para 2026. 

Ali Hassan Ayache



Comentários

  1. Pois é, que pena!
    Ninguém reclama, porque tem medo de perder o emprego. E aí, quem ama ópera, como eu, se vê sem opção.

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  2. Os artistas são funcionários e qualquer coisa dita pode ser causa de represália ou demissão. Por isso se calam.

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  3. Os funcionários só não reclamam pois estão sob o contrato da tão problemática Sustenidos. Qualquer caminho contra à postura deles... rs. Por isso há de se defender o artista CONCURSADO e estável neste país.

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  4. Quem inventa umas preservadas destas? Bota pra correr!!!!!!!!!
    Caramba, tem coisas "que não se mexe" de jeito nenhum.
    Que saco isso!!
    Cadê o gestor que não vai contra?
    Faz anos que não vou mais pro TM. Por estas e por aqueles que aplaudem tudo. Parece que perderam a referência do que é "realmente bom".

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  5. A responsável por todos esses equívocos tem nome: ANDRÉA CARUSO SATURNINO.
    Ela é a “curadora” da casa.

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  6. Teve manifestação de músico, sim. E ele foi suspenso por 30 dias: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/11/musico-contrario-a-gestao-do-theatro-municipal-de-sp-e-afastado-apos-criticar-opera.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo&fbclid=IwdGRjcAN6FJtjbGNrA3oUkWV4dG4DYWVtAjExAHNydGMGYXBwX2lkDDM1MDY4NTUzMTcyOAABHrRloDWVzlh5Y5U_4UKM9JmAThufwpqelnnEz0xBQhFTxg9MDREdiuURIQED_aem_GmtyaBJPE-07bBm5teS6Lw

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  7. Eita gente reacionária que não quer mudança em nada...

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    1. mudança tem que ser com critério, qualidade, e não qualquer bobagem lacradora modernosa

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    2. Mudança é uma coisa, falta de respeito com a obra é outra muito diferente. Eu por ex. amei Porgy &Bess, que teve um cenário muito imaginativo e a última obra da temporada que ousou uma coreografia hiphop muito linda, mas respeitosa com a obra de Rameau.

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  8. Deveriam ser presos imediatamente por mutilarem exacrar e lacrar as célebres partituras de Verdi, Carlos Gomes, Wagner, W. A. Mozart, Gershwin inclusive. Qual será a próxima vítima dos compositores ?

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  9. Concordo plenamente que esta obra fundamental não teve a reverência que merece, saí no intervalo. Que cenário mais ridículo!

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