MILAGROSAMENTE ARTISTAS LÍRICOS SE MANIFESTAM SOBRE CORTES DE VERBAS NA CULTURA. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


  Anos escrevendo nesse blog me ensinaram que artistas em geral e os da lírica não se manifestam quando os políticos aprontam. Já vi centenas de cortes de verbas, demissões, cancelamentos, adiamentos e tudo que vocês podem imaginar. Escrevi diversos artigos reclamando e os colegas líricos sequer curtiam minhas postagens. Raros foram aqueles que exprimiram seu apoio publicamente. Existe um medo enorme de represália por parte da direção dos teatros.
   Pela primeira vez, que eu me lembro é a primeira, os artistas começaram a se manifestar nas redes sociais e alguns foram até a avenida Paulista no último dia 07/04 reclamar do corte de verbas na área da cultura capitaneado pelo governo Dória. 
   Os cortes não me surpreenderam, já esperava a garfada, todos os novos governos o fazem querendo mostrar serviço. Dessa vez o governo estadual passou do limite levando os artistas a se manifestarem publicamente, pena que somente em casos extremos eles se expõe. Mantidos esses cortes muitas entidades e teatros fecharão as portas. Como prêmio de consolação Dória anuncia que manterá o Projeto Guri. 
   Publiquei um manifesto da ABRAOSC no último dia 05/04 e defendo aqui o fim desses cortes. Todos os projetos culturais devem ter suas verbas aumentadas.
   O único lugar onde a tesoura deve ser passada é na OSESP. A justificativa é fácil: Anos de elitização do público com ingressos caros para a maioria dos mortais, dispendiosas viagens ao exterior, esse ano foram à China, o alto salário pago a regente Marin Alsop e programação que afasta o público e feita para o gosto da direção. Motivos não faltam para uma chacoalhada na OSESP.
Ali Hassan Ayache

Comentários

  1. Fiquei de boca aberta com essas manifestações,agora a situação está tão feia que não dava mais para se calar.Sou contra todos os cortes.Reparei que uma coisa é o Ali se manifestar,outra é o seu Kunze,retardatário,fazendo o mesmo,aí aparecem nas redes sociais hostes de bajuladores.

    Muitas pessoas nesse meio nem tem noção da fragilidade do artista na sociedade.Os pensadores da escola de Frankfurt nos confundiram com essa de"indústria cultural",atrapalhando a compreensão da realidade.Ao contrário nem Adam Smith,nem Marx endossam esta noção absurda.Do ponto de vista científico trabalho intelectual não é um trabalho,pois o valor dessas produções é um valor subjetivo.Trabalho antes de tudo é geração de riqueza,não qualquer atividade como pensa o senso comum.Na prostituição também se engaja em muitas atividades,mas nenhuma delas geram riqueza e o que é feito mediante pagamento,em outras circunstâncias pode ser feito de graça.Joshua Bell ilustrou isso ao fazer uma experiência de tocar de graça numa estação de trem,pediu esmolas e quase ninguém o reconheceu.Na indústria cada hora trabalhada equivale a um valor determinado e não varia de acordo com fatores subjetivos.Os artistas para dar ao mundo sua arte dependem de alguma forma de assistência,seja da parte de mecenas ou da parte do Estado.A arte costuma florescer em sociedades com riqueza sobrando,onde existem pessoas com tempo e dinheiro de sobra para largar seus afazeres e ler poesia ou filosofia,ir à opera,ouvir em casa uma sinfonia de mais de uma hora de duração etc.A arte e a cultura são sempre fruto do ócio e da vagabundagem.

    Os artistas sempre estão na corda bamba.O problema atual é que subiu ao poder um escória que realmente pensa que a arte é a coisa mais supérflua que tem,ainda abusam da posição frágil do artista na sociedade para pisar em cima.Adaptaram do nazismo,que criou um conceito chamado de Bolchevismo cultural,apareceram agora com um tal de Marxismo Cultural e colocaram na cabeça aquela ideia neoliberal radical de gente como a Thatcher,essa noção de que o artista tem que se virar e que todo mundo tem que suar para conseguir alguma coisa,abrir mão das férias e não reclamar,se quiser aumento trabalhe em dois empregos,bajule gente poderosa etc.Vamos todos numa corrida maluca,seguindo gente como o Dória.Existe uma ideia confusa dessa turma do Bolsonaro e do Dória,esses que acreditam em Marxismo cultural,que diz que as pessoas devem trabalhar mais e se divertir menos(claro isso vale para os outros e não para eles).Portanto não só a alta cultura,mas os folguedos carnavalescos e as quermesses do interior,as festas do povo e único entretenimento na maioria absoluta das pequenas cidades do interior do Brasil,estão deixando de acontecer por falta de verba,está acontecendo até com a cultura popular imaginem o que podem fazer com a erudita.Para justificar sempre fazem aqueles discursos moralistas,falam em sacrifício,claro sacrifício do povo,do mais fraco.Sempre aquela visão puritana, parecem resquícios daquelas famílias que se recusavam a deixar os filhos seguirem carreira artística e a bancar estudos nessa área,que associavam o artista à corrupção dos costumes(mesmo Nietzsche comentou falando sobre Wagner "nada é mais corrupto que um artista",o se poderia dizer então da irmã do filósofo uma simples dona de casa de classe média que fez de tudo para transformar o irmão um anti anti-semita num autor oficial do nazismo!)Na cabeça dessa gente ainda não é uma coisa muito respeitável ser artista e por incrível que pareça,tem gente louca o bastante que associar o que na cabeça deles é uma decadência da nossa civilização à atividade de certos artistas,vide o conceito de arte degenerada,ligado estreitamente ao conceito de bolchevismo cultural dos nazistas mencionado acima.Não podemos subestimar as ameaças aos artistas no presente em vista do que já aconteceu no passado.,quando mais conhecermos nossa história mais preparados estamos para lidar com situações como esse impasse atual.Isaac Carneiro Victal.

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