QUANTO MAIS RECLAMAM DOS CRÍTICOS MAIS NOS SENTIMOS VALORIZADOS. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

     Já disse que em tempos de internet qualquer um pode ser crítico. Cabe ao público decidir se lê, concorda ou descarta. Uma forma de seleção natural. Artistas em geral odeiam críticos, amam ver seu trabalho elogiado. Por estar no palco se julgam superiores e não sujeitos a reclamações. A desculpa é surrada, no Brasil é difícil ser artista e por isso todos são heróis acima do bem e do mal.

    Já perdi a conta de quantas vezes ameaçaram me processar por criticar determinado artista. Fui ameaçado por um tenor do coro do Theatro Municipal de São Paulo sem sequer citar seu nome. 

   Todos falam a mesma coisa, a mesma ladainha de sempre, que não leem as críticas e muito menos se importam. Mas não perdem uma oportunidade de reclamar publicamente dos críticos. Adoram títulos, alguns se julgam "imortais" da recém inventada Academia de música do Brasil. Publicam orgulhosos nas redes sociais suas nomeações, como se isso fizesse alguma diferença em suas carreiras. 

   Uma matéria publicada na VejaRio, não citarei o nome do autor, já que ele não cita o nome de nenhum crítico, mostra mais uma vez a importância do nosso trabalho. Nossa função como críticos é não deixar que artistas, diretores e regentes fiquem na zona de conforto, no comodismo e na alegria dos aplausos e tapinhas nas costas após as apresentações. 

   O autor repete os mesmo clichês de sempre, "que não perde tempo lendo tolices", que somos "motivo de risos" e que "está ocupado em construir algo". Nossa importância é tão pequena que faz uma matéria sobre nós em uma revista de grande circulação no Rio de Janeiro. Lembro que o autor do artigo seguiu o roteiro básico do artista irritado, me bloqueou nas redes sociais e ameaçou processar devido a um  comentário sobre o Prêmio Carlos Gomes.

   Poucos artistas sabem lidar com os críticos. Cito novamente Valentina Peleggi. Foi a única até o presente momento que recebeu críticas duras desse Blog e teve coragem de conversar com o editor. Expus minha visão de música de concerto e óperas e Peleggi fez o mesmo. Um aprendeu com o outro. O respeito de um pelo outro passou a ser mútuo.

   Elogiamos e apontamos falhas que julgamos necessárias, buscamos independência nas análises, pena que somos poucos. Os críticos desse Blog: Ali Hassan Ayache, Marco Antônio Seta, Isaac Carneiro Victal e Wagner Corrêa de Araújo seguem sempre essa linha e suas opiniões podem ser diferentes e entrar em contradição com as do editor desse blog.

Ali Hassan Ayache