AIDA, MetLive, Dezembro de 2012 . Crítica de Wagner Fanatic no blog de Ópera e Ballet.



(review in english below)
No passado Sábado, na Fundação Gulbenkian, foi a vez de assistirmos àAida de G. Verdi, em mais uma transmissão directa da METropolitan Opera de Nova Iorque. No início do ano tive o privilégio de assistir ao vivo a esta produção espectacular, embora com elenco diferente, como relateiaqui. Então escrevi:


Quando me perguntam qual a ópera que recomendo para quem quer começar, habitualmente sugiro a Carmen ou a Aida. Esta produção do Met preenche todos os requisitos que espero que uma ópera ofereça a quem quer ver este tipo de espectáculo pela primeira vez.

A encenação de Sonja Frisell é grandiosa e espectacular. É impossível fazer mais num teatro de ópera. Os cenários transportam-nos ao Egipto faraónico, mudam com frequência, o guarda-roupa é adequado à época, os adereços são muitos e de grande diversidade. Na marcha triunfal do 2º Acto até cavalos entram em cena. Uma encenação conservadora mas verdadeiramente espectacular.
É o esplendor da ópera no seu apogeu e um exemplo perfeito de que a ópera é para ouvir mas também para ver.


E há muito que ouvir. A ópera inicia-se de forma suave e comedida mas rapidamente surgem as grandes sonoridades, orquestrais, corais e dos solistas. Os cantores principais têm tipos de vozes diferentes e papéis de grande exigência. Os coros são também grandiosos e atingem o expoente máximo no 2º Acto. A música é de fácil apreensão e inclui muitas partes que são conhecidas de todos. Esta encenação faz o resto mas, repito, é uma ópera que enche o olho e o ouvido.

Orquestra e Coro da Metropolitan Opera foram dirigidos pelo maestro titular Fabio Luisi que fez um trabalho meritório mas não isento de falhas. Pouco empolgante nos primeiros actos, melhorou nos dois últimos Mais uma vez, a qualidade do som foi deficiente. A Orquestra não esteve no seu melhor e teve uma falha marcada nos trompetes no início do primeiro acto. O Coro esteve fantástico.


Aida foi interpretada pelo soprano ucraniano Liudmyla Monastyrska. Já a tinha ouvido uma vez neste papel e achei a interpretação de hoje superior, apesar de não ser ao vivo. A voz é ampla e expressiva, sobretudo no registo mais agudo que é emitido com facilidade e sem perda de qualidade, sempre sobre a orquestra. Apesar do fraseado quase impreceptível, os fabulosos pianíssimos deram um encanto particular aos dois últimos actos. Cenicamente foi muito estática.

Roberto Alagna foi um Radamès digno, apesar de não ter estado num dos seus melhores dias. Tem uma voz  bem timbrada, foi credível na interpretação da personagem, mas teve desafinações ocasionais, bem como desencontros vocais nos duetos. Terminou a ária Celeste Aida de forma peculiar e, na entrevista com Renée Fleming, atribuiu a responsabilidade ao compositor.

Olga Borodina foi a Amneris. É uma cantora sensacional, com um registo grave notável, mas que mantém a qualidade em toda a sua grande extensão embora ocasionalmente, nos agudos, tenha denotado menos segurança. Beleza tímbrica e potência vocal são outras duas características que fazem com que a inclua entre os mezzos que mais aprecio na actualidade. O papel da princesa egípcia é também o que mais gosto nesta ópera e, no último acto, foi notável em L'abborrita rivale a me sfuggìa e tambén na Ohimè, morir mi sento que, contudo, terminou subitamente e, aparentemente, sem fôlego.


Amonastro, rei etíope e pai de Aida foi interpretado pelo barítono georgianoGeorge Gagnidze. Foi mais uma boa interpretação. Os baixos Stefan Kocán como Ramfis e Miklós Sebestyén como Faraó completaram o naipe de excelentes cantores da récita.

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AIDA, MetLive, December 2012

Last Saturday, at the Gulbenkian Foundation, we could see Aida by G. Verdi, in another direct transmission from the Metropolitan Opera in New York. Earlier this year I was privileged to watch live this spectacular production, albeit with a different cast, as I reported here. At that time I wrote::

When people ask me what is the opera that I recommend for beginners, usually I suggest Carmen or Aida. This Met production meets all the requirements that an opera should offer to those who want to see this type of show for the first time.

The staging of Sonja Frisell is grand and spectacular. It is impossible to do more in the opera house. The scenarios take us to Pharaonic Egypt, change frequently, the wardrobe is appropriate at the time, the props are many and great diversity. In the triumphal march of the 2nd Act by horses come into play. A conservative scenario but truly spectacular. It is the splendor of opera at its peak and a perfect example of what opera is to listen but also to see.
And there is much to hear. The opera begins smoothly but quickly great sounds emerge, by the orchestra, the chorus and the soloists. The main singers have different types of voices, roles of great demand. The choirs are also great and reach the pinnacle in the 2nd Act. The music is easy to grasp and includes many parts that are well known to everyone. This staging does the rest, and I repeat, it is an opera that fills the eye and ear.

Orchestra and Chorus of the Metropolitan Opera were directed by conductor Fabio Luisi who did a good job but not without flaws. The two first acts were not thrilling, but things got better in the last two acts. Once again, the quality of the sound was bad occasionally. The Orchestra was not at its best and the trompet had a notorious failure at the bebinning of act one. The Chorus was fantastic.

Aida was interpreted by Ukrainian soprano Liudmyla Monastyrska. I had heard her before in this role and I found today´s interpretation better, despite not being live. Her voice is wide and expressive, especially in the top register and is delivered with ease and without loss of quality, always over the orchestra. Despite the deficient phrasing, her pianissimi were fabulous and gave a special touch in the last two acts.On stage she 
was not exciting.

Roberto Alagna was a fair Radamès, despite not being in one of his best days. He has an expressive voice with a nice timbre, he was credible in the interpretation of the character, but occasionally he was not in tune when singing solo arias or in duets. He finished the aria Celeste Aida in a  peculiar way and, in an interview with Renée Fleming, he attributed responsibility to the composer.

Olga Borodina was Amneris. She is an amazing singer with a remarkable low register, but she maintains high quality throughout her large vocal length although occasionaly, in the top notes, she seemed a little stressed. Beautiful timbre and vocal power are two other features that make me include her among the most appreciated mezzos singing in present time. The role of the Egyptian princess is also the one I like most in this opera. In the last act she was remarkable in L'abborrita rivale a me sfuggìa and also in Ohimè, morir mi sento. However, she ended this part suddenly and, seemingly, out of breath.

Amonastro, Ethiopian king and father of Aida was interpreted by Georgian baritone George Gagnidze. He was another good interpreter. BassesStefan Koçan as Ramfis and Miklós Sebestyén as the King completed the group of excellent singers of this  performance.

Wagner Fanatic

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