MORRE NICOLAUS HARNONCOURT, UM DOS MAIS INFLUENTES MÚSICOS DE NOSSA ÉPOCA. ARTIGO DE OSVALDO COLARUSSO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



Nikolaus Harnoncourt, grande músico falecido ontem
Nikolaus Harnoncourt, grande maestro, violoncelista e escritor alemão, faleceu ontem, aos 86 anos de idade em Viena. Harnoncourt era descendente de famílias ligadas à nobreza austríaca e de 1952 até 1969 atuou como violoncelista da Orquestra Sinfônica de Viena, atuando com grandes maestros do passado como Herbert von Karajan, Karl Böhm, Bruno Walter e Otto Klemperer. Apesar da fama destes maestros se irritava com frequência com a maneira que eles executavam obras barrocas e do período clássico. Neste aspecto acabou desenvolvendo inimizade com eles ao fundar o grupo Concentus Musicus Wien, onde os músicos usavam instrumentos de época e executavam as obras dos séculos XVII e XVIII bem longe de uma ótica romântica. Entre as revelações máximas de seu trabalho com este grupo podemos destacar as primeiras gravações completas e com instrumentos de época das óperas de Monteverdi e a primeira integral das Cantatas de Bach que Harnoncourt realizou junto ao grande cravista e maestro holandês Gustav Leonhardt. Nas décadas de 1960 e 1970 executou e gravou de forma radicalmente correta em termos musicológicos as grandes obras sacras e orquestrais de Bach. Nesta época foi severamente criticado, e um exemplo disso é o fato de Karajan ter proibido a entrada dele no Festival de Salzburg, chamando-o de amador e insano. Nikolaus Harnoncourt passou a ser maestro convidado das mais importantes orquestras do mundo a partir de 1980: Orquestra do Concertgebow, Orquestra Filarmônica de Viena, Orquestra Filarmônica de Berlim, Staatskapelle Desden,etc. Seu repertório se expandiu para o século XIX, sendo que suas apresentações (e gravações) das Sinfonias de Beethoven com a Orquestra de câmera da Europa (que usa instrumentos modernos) deu início a uma pratica que mudou completamente a execução de obras tanto de Beethoven como de Mozart e Haydn: a assim chamada execução historicamente informada. Ao utilizar conjuntos de instrumentos modernos Harnoncourt os ensinou a se aproximarem a uma forma “autêntica” de execução. A influência de Harnoncourt neste aspecto é tremenda, e ouvimos seus hábitos e pesquisas nas execuções de grandes maestros como Claudio Abbado, Simon Rattle, Ricardo Chailly, entre outros. Nos últimos anos expandiu ainda mais seu repertório, chegando a reger óperas de Verdi, sinfonias de Bruckner e até mesmo a ópera Porgy and bess de George Gershwin. Mas não há dúvida: seu legado maior é a acurada visão das partituras de Monteverdi, Bach, Mozart, Haydn e Beethoven.
Leituras obrigatórias
Entre os livros de Nikolaus Harnoncourt um é considerado de leitura obrigatória para quem se interessa por música e arte: “Musik als Klangrede”, lançado no Brasil pela Zahar em 1987 como “O discurso dos sons”, na magnífica tradução do cravista Marcelo Fagerlande. Nele fala do afastamento do ser humano de valores espirituais, e discute o empobrecimento de nossa sociedade pelo intenso consumismo. A maneira como justifica os valores musicológicos que defende demonstra que Harnoncourt fez uma extensa pesquisa para realizar o que fez. O livro demonstra que ele foi um intérprete que decididamente sabia o que fazia. Outro livro interessante lançado no Brasil é “Der musikalische Dialog”, em português “O diálogo musical”. Na realidade este livro é uma coletânea dos comentários que ele escreveu nos livretos de suas inúmeras gravações. Foi também lançado pela Zahar em 1993. Menos essencial, mas excelente também.Escrevi aqui no blog um texto sobre o pensamento de Harnoncourt. Leiaaqui. (http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/inversao-de-valores-num-mundo-materialista/). Osvaldo ColarussoFonte:http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica

Postagens mais visitadas